OS ARCANOS MENORES CINCO
a) O
"5" representa a liberdade de pensamento, de escolha, de agir, o
livre arbítrio, a criatividade, a planificação mental, os cinco sentidos, a
autoconsciência, a autoexpressão;
b)
O
"5" é o número da experiência individual e da descoberta da individualização;
c) O
"5" representa um apelo à transcendência (o homem tenta alinhar a sua
consciência ao seu eu superior);
d)
As
pessoas do "5" são livres, independentes, curiosas, espontâneas,
adoram mudanças;
e)
Poder-se-á
então dizer que a tónica básica do "5" é a mudança;
f)
Os
arcanos menores "V" trazem
a tónica do nº "5", no que
se refere ao movimento, ação, experiência, criatividade e transformação;
g) Na carta do PAPA ou HIEROFANTE vemos um postura estática do Sacerdote Supremo. Como é que isso é
compatível com a agilidade e hiperatividade do nº "5"? Pois bem o
Papa é aquele que ensina e guia através da concessão de conhecimento (através
da comunicação que constitui um dos traços mais proeminentes do número 5. O
Hierofante é o mestre, o guru, cuja função principal é manter vivo o
conhecimento de sua doutrina, exatamente passando-o aos novos iniciados);
h) "O
número "5" introduz ideias de tempo e movimento que desordenam o
sistema estabelecido no Quatro, rompendo os seus limites e possibilitando a
evolução do sistema. Nesse sentido, o Cinco não só anarquiza e subverte o status
quo, mas também permite que novos objetivos criativos sejam contemplados."
(Veet Pramad em Curso de Tarot e o seu uso Terapêutico).
O 5
DE PAUSA
a)
Nesta carta os adolescentes representam a força juvenil, portanto embrutecida e intensa, mas
pouco focada (jovialidade, infantilidade, inconsequência, falta de tato,
desordem, anarquia, falta de organização, falta de foco e de propósito). Parece
que apenas estão brincando e se divertindo. A força aplicada sem foco é gasta por haver em excesso (competitividade saudável, jogos, competição no
trabalho). Cada adolescente quer mostrar que é o mais forte, o mais esperto, o
mais capaz. Portanto nesta carta vemos uma competição
saudável para ver quem é o melhor, quem tem mais recursos, mais capacidades;
b) Nesta carta nada
é sério pois é tudo algo simulado e lúdico. É tipo briga de crianças. A fronteira entre a brincadeira e a agressão é
muito ténue;
c)
A desordem que aqui reina recebe um fim na carta seguinte (VI de Paus) onde o nobre cavaleiro impõe a ordem.
Os cinco adolescentes na carta 6 de Paus têm agora alguém a quem obedecer e seguir. A energia deles é canalizada para um fim específico (já não é
desfocada);
d)
Esta carta representa um teste de
capacidades para ver quem se sobressai;
e) Esta carta pode indicar que a
pessoa está a questionar os seus objetivos ou que é um lutador
compulsivo;
f)
Esta carta indica que existem sinais
de luta, desavenças internas e externas
que tornarão imprevisível o resultado final. Esta carta pode sugerir que a
pessoa deva partir para a luta (luta espiritual interna, luta
com alguém ou contra algum acontecimento externo);
g)
Se esta carta aparece numa
pergunta sobre o trabalho, significa que o consulente terá de mostrar as suas
capacidades. Se aparecer esta carta numa pergunta afetiva, o consulente terá
também que mostrar as capacidades se estiver a competir com alguém;
O 5
DE ESPADAS
a)
Esta carta representa um
conflito, perda ou derrota. A derrota afetará tanto o vencedor (que será
derrotado a longo prazo) como o vencido. É uma vitória sem honra;
b)
Segundo Veet Pramad as 5 espadas
poderão ser denominadas de: Crítica, Inveja, Intriga, Ciúmes e Vingança;
c)
A figura principal está a rir-se
e a apanhar as espadas dum duelo. Ela está distanciada das emoções, enquanto as
outras duas estão a viver as emoções;
d)
A figura principal não se
identifica com as disputas emocionais pois sabe que não levam a lado nenhum e trazem
mais dor;
e) Recordemos que o 4 de Espadas
representa o luto ou a tentativa de apaziguamento emocional. Se esse luto for
feito, se houver tranquilidade emocional, a pessoa pode distanciar-se das
emoções futuras, se o luto for mal feito, a pessoa irá novamente envolver-se em
conflitos emocionais;
f) Se num, relacionamento
discutirmos para ver quem tem razão, haverá sempre esse duelo, haverá sempre o
vencido (junto ao mar a chorar) e o vencedor (o que pega no casaco, para se ir embora);
g)
A carta representa que o
consulente está numa das duas posturas (envolvido ou desapegado das emoções). Se
envolvido, temos a mente destrutiva, mentirosa, invejosa, degradada e
traiçoeira. Se desapegado, temos a mente reorganizada.
O 5
DE OUROS
a)
Enquanto no 4 de Ouros vemos
opulência material, nesta carta observamos dois pedintes a passar pela porta
duma igreja e que nela não entram para pedir ajuda. Estes pedintes representam "os orgulhosamente sós";
b) Se no 4 de Ouros a pessoa está muito
agarrado ao dinheiro, à matéria, ou seja, se for avarento, poderá atrair o Cinco de Ouros (dificuldades e privações). Se essa pessoa, com o dinheiro que possui, promover
a melhoria social, seguramente vai ter um maior desenvolvimento espiritual;
c)
Esta carta passa uma mensagem de cunho social e profundamente filosófica também. Num
nível imediato, a imagem dessa carta denuncia as mazelas da nossa sociedade,
com seus contrastes. Num nível mais profundo, contempla a própria condição
humana. Essa carta mostra uma condição marginal – do lado de fora, os mendigos,
leprosos, sem rumo na neve do inverno – são os danados da sociedade. Do outro
lado, do qual só podemos ter uma vaga sugestão pelo vitral, o interior quente,
confortável e ricamente ornado da catedral – a Igreja, dona da mentalidade
vigente, do establishment. Na carta, temos, muito levemente, esse contraste
delineado;
d)
Esta carta passa
também uma mensagem espiritual. Tudo se centra na janela. A janela é também um
símbolo de passagem, e marca o contato limitado entre dois mundos, entre dois
estados de ser. Aqui, ela é uma ligação entre a realidade hostil do mundo
humano, e a graça e glória do mundo espiritual, do qual só temos um mero
vislumbre através das cores do vitral. (longe do Espírito, todos não somos nada
além de carne ambulante e perecível às intempéries);
e)
Na carta os
mendigos são um casal e parece indicar que mesmo sob a miséria total, não se
separam. Em leituras sobre amor, esta carta poderá ser interpretada como o
casal passando por dificuldades que testam sua união;
f)
Se prestarem
atenção ao mendigo verão que traz um sino ao pescoço. Esse é um antigo sinal de
lepra – leprosos costumavam ter sinos no pescoço para que as pessoas soubessem
facilmente quando eles se aproximavam e, assim, saíssem de perto. Os curativos
na cabeça e no pé direito do homem confirmam isso. Mais uma vez, a temática da
intensa exclusão social.
O 5
DE COPAS
a) O Cinco de Copas
é provavelmente uma das cartas mais incômodas do Tarot. Sua atmosfera
depressiva é eloquente e fala por si só. De fato, no geral sinaliza tristeza,
perdas, depressão e luto. Esta carta é nostálgica. Representa uma certa
saudade. Tem a ver com o fado. A personagem está num luto afetivo;
b) No Cinco de
Copas, a passividade do naipe (copas = sentimentos, emoções, etc.) é perturbada
pela agressividade do número 5. A energia 5 muitas vezes pode manifestar-se na
forma de catástrofes e acidentes, trazendo a mudança de forma súbita e
irreversível. Assim, da combinação entre as Copas e o 5, sonhos e fantasias se
desmoronam, laços são desfeitos e sentimentos são magoados. No entanto, aspecto
de expansão consciencional do número 5 sugere que tais desilusões fazem parte
do processo de aprendizado, onde nos desfazemos de laços antigos em nome de um
conhecimento mais amplo sobre as coisas;
c) Nesta carta, o céu cinza sugere
tristeza, apatia e confusão mental. Dias nublados e chuvosos geralmente são
vistos como tristes, depressivos e nostálgicos;
d)
Nesta carta, o chão árido (nenhuma planta, pedra, ou qualquer coisa que seja) confere à carta um
aspecto desolado, sem vida. Estendendo-se por quase toda a área da carta, dá a
ideia de um deserto – solidão e desamparo. A água que cai das três taças é
absorvida pela terra infértil do chão e provavelmente não vai frutificar em
nada. São lágrimas na areia;
e)
Nesta carta, o personagem está cercado por um ambiente árido, cinza e morto. Esse ambiente
metaforiza o estado emocional do personagem. De costas, coberto por uma simples
capa negra, numa postura reta e com os ombros encolhidos, ele olha
insistentemente para as três taças caídas na sua frente. No Tarot, geralmente
figuras de costas para o observador indicam isolamento, retirada. Sua capa
negra pode representar luto; sua postura enrijecida, com os ombros encolhidos,
sugere estagnação e extrema tensão. Os ombros encolhidos e voltados para dentro
denotam também introversão e vulnerabilidade (encolhemos nossos ombros quando nos
sentimos fragilizados, ou quando nos sentimos ameaçados);
f) Nesta carta, as 3 taças caídas representam
problemas emocionais do passado. A
personagem está a olhar para as três taças caídas (passado) embora as que estão
em pé significam que a vida continua e que há a promessa duma nova vida afetiva. A
personagem tem saudades do que já viveu e está nostálgica em relação à perda
amorosa que sofreu. Já viveu a dor pela perda mas ainda continua a olhar para o
passado. Esta carta significa que a pessoa sofreu um corte afetivo (porque o
outro a deixou, porque morreu, ou porque o outro ou ela aceitaram a taça da
carta 4 de copas). A personagem sente pena por isso ter acontecido. Enquanto ela olhar
para o passado, enquanto estiver centrada na dor emocional do passado, ela não
olhará para o futuro.
g)
A pessoa sente baixa auto estima,
não se valoriza nem se respeita. A pessoa tem que aceitar morrer (esquecer o
passado) para renascer para uma nova postura;
h)
O 5 de Copas vem abalar a calma
do 4 de Copas. O "5" é movimento, mudança, transformação. Se a pessoa
no 4 estava calma porque estava indefinido, então o "5" vem acordá-lo;
i)
Nesta carta
pode-se ver um rio. O
rio tem um papel especial nessa carta. Ele
aparece em diversas cartas do Waite-Smith, e sempre sinaliza uma mudança
significativa;
j)
Nesta carta
pode-se ver uma ponte. A ponte (segundo
o site Dictionary of Symbolism) "é inerentemente simbólica de
comunicação e união, seja entre o céu e a terra, ou entre dois reinos
distintos. (…) é o final de um ciclo e o começo de outro. Em muitas culturas, a
ponte é o limite entre o que pode ser visto e o que está além da percepção, ou
ao menos uma mudança, ou desejo de mudança”. No Cinco de Copas, a ponte é o elo
que une os dois estados de ser; ela representa o recurso de trasição entre a
depressão e a recuperação;
k)
Nesta carta
pode-se ver um castelo/fortaleza que
representa basicamente proteção, conforto e segurança. No contexto da carta,
ele representa o lugar de reabilitação, o lugar seguro onde o personagem vai
recuperar-se das feridas que arranjou no meio do seu caminho. Observe como o
castelo é cercado por árvores e relva. Em contraste com a terra seca que
predomina na carta, o castelo do Cinco de Copas é como um oásis de vida;
l) Em síntese, esta
carta mais do que simplesmente indicar tristeza, traz uma mensagem inerente de
recuperação e superação. Cedo ou tarde, o personagem da carta vai dar-se conta
de que não adianta mais chorar.
Ruy Figueiredo