Continuaremos, hoje, a falar de Plutão.
PLutão - Parte II
1. O "Ser", a alma e o ego
O nosso “Ser” corresponde ao divino que "habita" em nós. O nosso "Ser" é eterno e imutável. O nosso "Ser" desconhece o espaço e o tempo. O nosso "Ser" e o "Ser" que "habita" em todos os corpos de todos os tipos (mineral, vegetal, animal, hominal) nunca estiveram separados entre si. Sempre constituíram e constituem e irão constituir um "SER" único (Todos somos "UM"). Esse "SER "único também está ligado à entidade máxima que os homens denominam, em função das suas crenças e religiões, por várias designações (Deus, Grande Arquiteto, Allah, etc.).
No entanto, durante o processo de densificação, manifestação, "separação", "divisão" ou "queda da mónoda", o nosso "Ser" ficou submerso, escondido e o corpo então criado, albergou a alma e o ego.
A alma é a nossa parte lunar (o Inconsciente) e representa "o que somos mas que ainda não sabemos que somos". O ego é a nossa parte solar (o Consciente) e representa aquilo que somos e que já sabemos que somos. Expandimos a nossa consciência através da conquistas graduais que empreendemos ao nosso inconsciente, à nossa Lua. Cada "pedacinho de Lua" que absorvemos, que compreendemos, representa um pedacinho de "Sol" a mais, que conquistamos. Ficamos cada vez mais solares, mas conscientes, mais maduros, mais individuais , mais universais, mais divinos (Fernando Pessoa afirmou "Quanto mais individual, mais universal").
A alma tem saudades da "Unidade". O ego não quer ouvir falar da "Unidade", porque quem é ego-centrado, quer afirmar a sua individualidade na medida em que não acredita na UNIÃO e só pode acreditar na separação. Só quer afirmar-se quem se sente separado.
Deste modo, o ego afirma-se contra o
Mundo e move-se pelo vazio e carência da alma que apenas quer voltar para a UNIDADE e para o AMOR. (Lua). Só que não sabe como fazê-lo.
Ora o ego ainda sabe menos como regressar e pior ainda, não quer fazê-lo. No entanto, o ego sente a dor da alma e isso incomoda-o. Deste modo, está sempre a tentar compensar o vazio da alma. De que forma? Afirma-se e assim compensa-se com aquilo vai buscar fora de si. Projeta-se assim nos outros, nas coisas, no trabalho, etc.. Este é o drama do Ego. Cria expetativas e ilude-se e vai andando de ilusão em ilusão.
De fato, a mente cria esquemas
projetivos que nos fazem julgar que de fora vem alguma coisa e que portanto vale
a pena esperar e ter boas expetativas, quer das pessoas que conhecemos quer das
coisas que fazemos. Essa expectativa consiste em projetar sempre no
futuro a esperança que alguma coisa aparecerá e virá resolver a carência da
Alma.
Mas a carência da
alma não se resolve através do ego, cujo esquema de resolução está viciado, mas sim e apenas através de permitirmos a sua ligação ao nosso "Ser". Nada que venha do exterior poderá alimentar a
alma.
Seremos infelizes, enquanto vivermos a ilusão do ego, secundarizarmos o nosso "Ser" e vivermos contra a alma.
Há medida que a vida nos desilude, começamos a interiorizar e a procurar outras respostas.
Então começa o tal
Processo
Alquímico, o tal processo de mutação, o tal processo de transformação, através
do qual o ego pouco a pouco, se vai rendendo à vida da Alma e se vai secundarizando-se face ao Ser (é o "my self" a subjugar-se ao "I").
Segundo Flávia de Monsaraz,
"A vida da alma é a vida interior, porque a
alma é isso que em nós sente. A vida da Alma é a vida que vai dizendo SIM à VIDA em nós. Sempre que nós dizemos "NÃO" e nos projetamos obsessivamente, nós
estamos a agir contra a alma, estamos a ativar a separação. Sempre que ativamos
a separação, a Alma sofre e sente a dor da separação. Muitas
pessoas não sentem a dor da alma porque estão desalmados, ou seja, estão tão longe da Alma que nem ouvem a sua
voz. Há pessoas que criaram tantas armaduras e defesas em relação à vida, que vêm
tudo ao contrário, muito embora pensem que são felizes porque têm mais um
automóvel ou mais uma aventura. A Alma continua exatamente na mesma condição de
sofrimento só que elas nem conseguem ouvir a sua voz porque perderam a capacidade
de estabelecer diálogo entre a alma e a personalidade. Por vezes, só ouvem a
alma no limite máximo da dor e da violência porque aí acordam e então
finalmente a ouvem. Todo o
trabalho interior de evolução, consiste afinal em afinar a personalidade para
sentir a alma. É muito fácil começarmos a desafinar..."
2. O que é o Plutão?
Plutão é o planeta que mantém em nós a dor do mundo e a separação. Se quisermos ser livres, teremos de nos libertar da força do Plutão que é dominada pelo medo e escutar o saber da alma que não é dominada pelo medo.
Plutão é a energia
da guerra que nos faz defender quando somos atacados, agredir quando somos
agredidos ou atacar apesar de não termos sidos atacados.
A força do Plutão nunca poderá dar o bem-estar que a nossa alma
procura e nunca poderá resolver o vazio da nossa alma. Essa é a ilusão do ego que julga que se controlar ou dominar, se vai sentir mais seguro. Mas
a vida traz-nos situações difíceis, tira-nos o tapete, para nos iludirmos e percebermos que afinal tudo é ilusório. De fato, o controlo e a dominação não trazem segurança, felicidade.
Então a transformação do Plutão que habita em nós é feita gradualmente através da dor que é alquímica. A dor faz com que vamos retirando força e violência ao nosso Plutão. A dor é responsável por grande parte da expansão consciencial que vamos tendo ao longo da nossa vida.
Há pessoas que são
muito intensas. Têm que perder o gás, têm que desativar o Plutão que está
dentro delas.
Onde está Plutão é onde não sabemos lidar com a nossa fraqueza, onde somos mais fracos, onde não fluímos com a vida, onde contemos as emoções, onde somos egocêntricos e obsessivos.
Um planeta natal ligado ao Plutão natal foi “condenado” a regenerar. O Plutão irá
criar-lhe situações tão violentas que esse planeta , mais cedo ou mais tarde, vai iluminar-se, ganhar consciência porque tem o
Plutão, o tempo todo, a dar-lhe a voltagem máxima sobre o equívoco desse
planeta.
O Plutão vai atrair
cataclismos. Ou trabalhamos os nossos medos, inseguranças, o nosso ego, a nossa
violência, a separação, ou não nos libertamos do Plutão que habita em nós.
Ruy Figueiredo