sexta-feira, 2 de julho de 2021

ASTROLOGIA. JÚPITER NA CASA IX (PARTE XV)

HOJE FALAREMOS DAS CARACTERÍSTICAS DOS NATIVOS QUE TÊM JÚPITER NATAL NA CASA IX 

Significado da Casa IX

Casa IX – 3ª Casa de Identidade

Na Casa I, a primeira casa de identidade, ao afirmarmo-nos, ao termos iniciativas, vamos ganhando alguma consciência de quem nós somos. Na Casa V, a segunda casa de identidade, ao levarmos ao mundo as nossas criações, tomamos consciência do ser especial que somos. Com a vivência da Casa IX, saímos da esfera do eu pequenino e percebemos que a nossa identidade afinal só pode ser dimensionada noutras esferas, ou seja, não somos apenas quando e porque agimos (Casa I), não somos tão pouco apenas quando e porque criamos, mas somos sobretudo quando conhecemos, quando conseguimos enxergar para além do nosso umbigo. Por isso, a Casa IX propõe a expansão da consciência para níveis mais elevados.

Casa IX – Casa social ou coletiva

Enquanto nas casas ditas pessoais (I a VI) a expansão consciencial do nativo é obtida através de si próprio, nas casas ditas sociais (VII a XII), a expansão consciencial é obtida através do outro. Na Casa VII, ampliamos a consciência de quem somos através dos processos de identificação e desidentificação com o outro. Na Casa VIII, ampliamos a consciência de quem somos através dos processos de morte e renascimento das nossas posturas instintivas que emergem com a vivência fusional e tensional com o outro. Na Casa IX a expansão consciencial também é realizada através do outro mas com base em outros mecanismos que descreveremos mais adiante.

Casa IX – Última casa do Outro

O Eixo Meio do Céu-Fundo do Céu divide o mapa em dois hemisférios: o Hemisfério Oriental (casas I, II, III, X, XI e XII) e o Hemisfério Ocidental (casas IV, V, VI, VII, VIII e IX).

No Hemisfério Oriental, também conhecido como “O Hemisfério do EU”, o nativo não se deixa influenciar pelos outros, nem pelo meio em que vive nem pelas circunstâncias da vida. Ele é o motor do seu próprio destino.

No Hemisfério Ocidental, também conhecido como O Hemisfério dos Outros”, o nativo age em função dos outros, do ambiente e das circunstâncias da vida. Ele deixa-se condicionar.

Nas Casas IV a VI do Hemisfério Ocidental, o nativo ganha expansão consciencial através de si próprio quando se expressa, cria e trabalha, mas no entanto ainda não consegue “ver” o outro, apesar do outro o condicionar de forma indireta (Casa IV - a família; Casa V - o aplauso do outro; Casa VI – o serviço feito ao outro). O nativo não “vê” o outro, no sentido de ainda não conseguir reconhecer o outro como identitariamente importante.

Nas Casas VII a IX do Hemisfério Ocidental, o nativo já consegue “ver” o outro e ganha expansão consciencial através dos seus relacionamentos, deixando-se condicionar de forma direta pelo outro.

Na Casa VII, consegue “ver” o outro porque começa a gostar do outro e tal fato obriga o nativo a reconhecer a importância de se relacionar com uma identidade distinta de si próprio. Na Casa VIII consegue “ver” o outro porque ao reconhecer a importância da identidade do outro na sua vida, não o quer perder e porque não o quer perder, controla-o e porque o controla, atrai dramas e porque atrai damas, sofre e ao sofrer, renasce.

Na Casa IX, o nativo já consegue ver o outro, mas já sem carência, sem posse, sem instintos. O outro já é considerado um ser com que priva socialmente, reconhecendo-lhe, conscientemente, uma identidade própria e livre que deve tratar com respeito, justiça e honestidade. Contudo, ainda não há um “nós” pois de um lado está o nativo e do outro lado está o outro. Estão juntos, mas ao mesmo tempo estão separados. A Casa IX representa a última casa do hemisfério ocidental ou Hemisfério do Outro. Nas casas seguintes, o outro já é percecionado de forma coletiva, já é um ser coletivo, já é integrado no coletivo. Na Casa X, o indivíduo pertence ao ser coletivo estruturado (navegamos no mesmo barco). Na Casa XI o indivíduo pertence ao ser coletivo fraternal e idealizado (somos todos irmãos). Na Casa XII, e finalmente, o indivíduo pertence ao ser coletivo individualizado (somos todos um).

Casa IX – Os Três Níveis Evolutivos

Cada nativo viverá a Casa IX e as demais casas do seu mapa, em função ou de acordo com o estado evolutivo que possui durante a sua vida. Se o seu nível de evolução, em determinada altura da sua vida for básico, experienciará o primeiro nível da Casa IX que corresponde à ampliação do conhecimento através das viagens físicas que lhe permitem conhecer e aprender intelectualmente as verdades exteriores sobre novos mundos, ideias, culturas e povos. Se o seu nível de evolução for médio, experienciará o segundo nível da Casa IX, que corresponde à ampliação do conhecimento através da adesão emocional a verdades interiores (valores e crenças). Se o nativo estiver num nível evolutivo avançado, experienciará o terceiro nível da Casa IX que corresponde à ampliação do conhecimento através da adesão iniciática às verdades universais.

Casa IX - Conhecimento, Ensino

O eixo Casa III – Casa IX é o eixo do conhecimento. Estas duas casas estão relacionadas, deste modo, com a obtenção do conhecimento. Só que o conhecimento referido tem uma tónica diferente em cada uma delas.

Na Casa III (da mente concreta), o nativo é um acumulador de informação e de factos. Recolhe e armazena-os para melhor compreender e se posicionar no mundo físico à sua volta. No entanto, apesar do seu apetite voraz por informação, não lhe dá um sentido, não a direciona. Deste modo, conhece um pouco de tudo, mas sempre ao de leve, pela rama, pela superfície. Ou seja, o conhecimento adquirido nesta casa é superficial e apenas focado para o quotidiano, para a rotina e para o ambiente próximo.

Na Casa IX, o nativo já sente a informação recolhida, já lhe dá um sentido e já a direciona. Por isso, a imagem que representa o Sagitário (seu regente natural) é traduzida por um centauro a apontar uma seta, indicando que deveremos ir mais além e não ficarmos circunscritos à esfera ambiental envolvente, próxima. A Casa IX, deste modo, já não tem a ver com o conhecimento superficial, mas sim com o conhecimento mais profundo. Em suma, na Casa III, recolhe-se a informação, mas é na Casa IX onde se tiram conclusões sobre a informação recolhida e onde se vai mais além do conhecimento superficial obtido. Por isso, esta casa está associada à educação superior, às universidades, mestrados e doutoramentos. É a casa do professor que expande os seus conhecimentos levando-os para os outros para que estes possam expandir a sua consciência.

Enquanto a Casa III é a casa do ambiente e do conhecimento imediato, rápido, prático, lógico e racional, a Casa IX é a da mente superior.

Casa IX – Religião, Filosofia

Na imagem do centauro que ilustra o signo de Sagitário a seta é apontada para cima, para o céu, indicando claramente que se deve procurar o conhecimento “que está acima”, se quisermos ir mais além, se quisermos ampliar a nossa consciência. O estádio mais elevado da aprendizagem corresponde à compreensão das leis invisíveis que regulam o mundo.

Na Casa III, o nativo apenas consegue conhecer as leis visíveis do mundo dado que esta casa está ligada ao cérebro esquerdo ou solar, ou seja à mente inferior, concreta, racional, lógica, analítica, dedutiva, científica e linear. Na Casa IX, o nativo consegue aceder às leis invisíveis do mundo dado que esta casa está ligada ao cérebro direito ou lunar, ou seja, à mente superior, abstrata, intuitiva. Deste modo, o nativo nesta casa, tem capacidade para intuir as verdades e as leis invisíveis que regulam o Universo, ou seja, por intuição, por “flashes”, consegue aceder à compreensão do funcionamento cósmico. Ao aceder a esse conhecimento, o nativo identifica-se com o mesmo pois este ressoa dentro dele e ao ressoar, ele sente-o, e ao senti-lo, dá-lhe um sentido, um significado. Ao dar-lhe um sentido, acredita nesse conhecimento. Ao acreditar nesse conhecimento, o mesmo passa a ser para ele uma verdade incontornável. E ao sentir aquela verdade, irá passá-la aos outros com imensa convicção e energia pois a Casa IX é uma casa de fogo, de expansão. O nativo não precisa que lhe expliquem racionalmente porque é que é aquilo em que acredita, corresponde a uma verdade. Simplesmente intui que é verdade e a partir daí passa a acreditar. O nativo crê sem necessidade de ver e crê porque lhe faz sentido, porque sente. O nativo acredita, pura e simplesmente. O acreditar não carece de fundamentação percecional ou mental. O acreditar apenas carece de identificação emocional, vibracional e de ressoamento. Deste modo, na Casa IX, o nativo poderá intuir e ir mais longe na consciência de quem é, poderá intuir as “Leis” que ordenam o mundo e que lhe dão um sentido e significado. E ao tê-las como referência, o nativo dimensiona-se, transcende-se e conhece-se, e transmitindo-as aos outros, ajuda-os a dimensionaram-se, transcenderem-se e a conhecerem-se também.

É muito por causa da força deste “acreditar”, que se associa o otimismo aos nativos do signo de Sagitário (regente natural da Casa IX). Os sagitarianos acreditam que as coisas vão funcionar, que tudo irá correr pelo melhor e isso é assim porque eles nasceram com a capacidade de acreditar.

Portanto, a Casa IX é uma casa de fé, de crenças e ideais e uma casa onde o nativo irá experienciar as questões ligadas à religiosidade e filosofia. É a casa do sábio, do mestre e do guru.

A Casa IX é também conhecida como a "Casa da Filosofia" e também como a "Casa de Deus".

Casa IX – Ética

Júpiter, planeta que rege a Casa IX está localizado no Sistema Solar depois de Marte (último dos planetas pessoais). Por esse motivo, Júpiter é considerado o primeiro planeta social dado que está para além dos planetas que servem o ego, a personalidade (Sol, Lua, Mercúrio, Vénus e Marte). Deste modo, a Casa IX está também relacionada com os princípios que regem a sociedade. Nesse sentido, A Casa IX é a casa dos valores, do direito, das leis, dos tribunais, da ética, da moral, da opinião pública, do certo e do errado, etc..

Casa IX – Viagens de Longa Distância e o Estrangeiro

O objetivo da Casa IX é o do centauro que aponta a seta para ir mais além, para se expandir. Como já referido, esse objetivo pode ser conseguido através da aprendizagem de conhecimentos, da religiosidade, da ética, da moral, entre outras vias. Ora, obviamente, que o contato com outras culturas, povos, países, mentalidades permite também a ampliação dos conhecimentos. Deste modo, as viagens de longa distância, os outros países, as outras línguas, as outras culturas são fonte de aprendizagem e de expansão consciencial. Enquanto a Casa III rege o ambiente próximo e aquilo que é descoberto explorando-se tudo o que fica à mão, a Casa IX descreve a perspetiva que ganhamos quando nos afastamos e olhamos a vida de uma certa distância.

Deste modo, a Casa IX está associada às viagens de longa distância e ao estrangeiro.

Por vezes, os nativos com a Casa IX muito ativada não sentem muita apetência para viajar para longe e este fato pode parecer contradizer o que foi atrás referido. No entanto, estes nativos podem já estar num estádio evolutivo desenvolvido e já não sentirem necessidade de realizarem longas jornadas para ampliarem a sua consciência. Deste modo, preferirão realizar viagens internas, dentro de si, através de meditação e reflexão e por vezes, nessas viagens, encontram verdadeiros tesouros e adquirirem ampliações de consciência elevadíssimas.

Inserem-se na tónica da casa IX, não apenas as viagens físicas, como também as viagens mentais (idealistas, meditativas e transcendentais).

Casa IX – Parentes

A Casa IX está relacionada com os sogros, netos (netos = filhos dos filhos, sendo a Casa IX, a Casa V da Casa V) e cunhados (cunhados = irmãos do cônjuge, sendo a Casa IX, a Casa III da Casa VII).

Casa IX – A Casa Seguinte à Casa VIII

A Casa VIII com sabemos está relacionada com as mortes e transformações psíquicas. Quando o nativo vive esta casa na sua plenitude, ou seja, quando morre e se liberta dos seus medos, desejos e instintos, fica livre para fluir e viver a CASA IX, fica livre para se redimensionar e transcender-se. De facto, já adquiriu uma visão mais ampla de quem é e de como se deve interagir com o outro. Já se encontra em condições para refletir e tirar conclusões sobre o propósito da sua passagem terrena. É sabido, que após uma infelicidade ou drama de Casa VIII (divórcio, falência, perda de um ente querido, etc.), é frequente, como terapia, utilizar-se a Casa IX, para fazer uma viagem, tirar um outro curso, etc., pois esta casa incita-nos a procurarmos um novo sentido para a vida.


Significado de Júpiter na Casa IX

Com Júpiter localizado na Casa IX, desde que suficientemente dignificado, não retrógrado e não tensionado, o nativo irá atrair oportunidades que proporcionarão a sua expansão espiritual, religiosa e de conhecimentos. Gostará de viajar e sentir-se bem nas profissões de professor, escritor, advogado ou sacerdote, entre outras.


No entanto, se o Júpiter estiver fragilizado no mapa natal (retrógrado, mal aspetado e/ou debilitado), o nativo poderá ser intolerante, ter crenças religiosas, filosóficas e sociais extremistas e até pensar que sabe tudo de tudo.


 

Ruy Figueiredo