domingo, 19 de janeiro de 2020

ASTROLOGIA - SATURNO (PARTE I)

DEPOIS DE UMA LONGA AUSÊNCIA, RETOMAMOS AS NOSSAS POSTAGENS COM O SATURNO - O MALÉFICO MAIOR 


GENERALIDADES SOBRE SATURNO

SATURNO – O seu Glifo ¾
O glifo de Saturno é composto por uma cruz e uma lua. A cruz representa o quaternário, a vida manifestada, a matéria. A Lua representa o inconsciente, a alma, a vida emocional. No glifo de Saturno a cruz está desenhada por cima da Lua pois para Saturno, a vida prática, material e objetiva (“crucificação”) é mais importante do que a vida ou experiência emocional. Neste sentido, Saturno representa o que é palpável, terreno, objetivo. Saturno é o planeta das estruturas, das formas e dos limites. Não é por acaso que Saturno rege o esqueleto no corpo humano.

SATURNO – Sua Relação com a Anatomia
Saturno governa o esqueleto, a pele, os músculos, os dentes, as unhas, as articulações, a vesícula biliar, o baço e as unhas.

SATURNO – Planeta Social
Saturno, no plano social, representa as regras e as normas que os seres humanos criam para conviverem uns com os outros. Saturno, por um lado, representa a necessidade individual de ter os pés bem assentes no chão, e por outro, representa a necessidade coletiva de convivermos todos juntos de uma forma ordenada.

SATURNO – Planeta do Tempo
Saturno representa o Cronos, ou seja, o tempo cronológico. Deste modo, Saturno é o planeta do tempo. O ciclo de Saturno é de 28-29 anos, sendo que de sete em sete anos, há uma subciclo de efeitos relevantes. Aos sete anos temos uma quadratura de Saturno ao Saturno Natal, aos 14 anos temos uma oposição, aos 21 anos temos outra quadratura e aos 28/29 anos temos uma conjunção (1º retorno de Saturno). São idades vitais para todos os nativos. Aos 7 anos (quando Saturno em trânsito faz quadratura ao Saturno Natal) o nativo sente o primeiro confronto e, pela primeira vez, irá colocar em causa, todo o tipo de autoridade. No geral, corresponde ao período em que o indivíduo entra para a escola e é confrontado com um novo tipo de disciplina, novas regras, novos horários e novas responsabilidades. Aos 7 anos, os limites impostos pelos nossos pais ou por quem cuidava de nós, são substituídos pelos limites impostos pelos professores. Aos 14 anos (quando Saturno em trânsito faz oposição ao Saturno Natal) surge o segundo confronto com a autoridade. É a idade em que o nativo quer se diferenciar e se distinguir dos seus pais, em que vai testar o poder e autoridade que tem. É importante que os educadores, pais e professores não sejam demasiadamente rígidos e castradores com o adolescente, e que por outro, não sejam demasiadamente permissivos. O adolescente precisa desse confronto com a autoridade para no fundo perceber quais são os seus limites. Se aquelas pessoas exercerem demasiada pressão, vão castrá-lo e inibi-lo na expressão da sua personalidade e poder. Se forem muito permissivas, o adolescente irá crescer sem ter feito esse teste e vai adiar para os 21-22 anos, o novo confronto com a autoridade (altura em que o Saturno em trânsito faz nova quadratura ao Saturno Natal). Com o Retorno do Saturno aos 28/29 anos, o nativo irá fechar um ciclo de vida.

SATURNO – Planeta da Cristalização ou da Sabedoria
Saturno também é o planeta da sabedoria, pois aprende com as experiências e com o tempo (“O tempo é o grande Mestre”). Nós aprendemos, consciencializamos e crescemos através da forma como lidamos com as crises que vamos experimentando durante a vida. Se lidamos com as crises com resistência, ou seja, se dizemos “não” às experiências, então não nos estruturamos e ficamos cristalizados. Pelo contrário, se aceitamos viver as experiências, então com o tempo iremos adquirir uma estrutura e seremos sábios nas áreas onde nascemos fracos, receosos, dependentes, cautelosos e inseguros. De facto, Saturno indica sempre uma experiência qualquer do passado que foi dolorosa, que correu mal e que obrigou o nativo a nascer nesta vida com uma atitude prévia de reserva, defesa, cautela e medo. Onde está Saturno no mapa é onde o nativo se irá defender, mas de forma inconsciente. Se Saturno persistir em estar sempre à defesa, pode defender-se tanto, tanto, que pode acabar por paralisar e cristalizar. O nativo tem de descobrir do que é que tem medo e de que é que se defende. Enquanto não ganhar essa consciência, o Saturno vai continuar a sabotar as situações e a impedir o nativo de se estruturar e de tornar-se independente e responsável. Saturno propõe ao nativo que realize este processo de consciencialização. Será com o tempo e com a realização do trabalho de consciencialização das inibições e frustrações que o nativo conseguirá obter a tal estrutura que lhe falta, para em vez de estar na mão do mundo (por insegurança) passar a responder ao mundo (por responsabilidade). Saturno tem a ver com a consciencialização, com a iluminação do seu lado sombra, obscuro e defensivo. No entanto, muitas vezes, o Saturno tem tendência para viver em função daquilo que já acumulou no passado, e deste modo, vai responder ao presente sempre em função do que já foi vivido e o futuro vai ser exatamente aquilo que já foi, pois Saturno tende a manter as coisas.

SATURNO – Sua Polarização com Júpiter e Urano
Saturno polariza com Júpiter e Urano. Enquanto Saturno oprime, limita, disciplina e cristaliza, Júpiter, ao contrário, expande, alarga, otimiza e dá confiança. Com Júpiter, em primeiro lugar, vou expandir-me porque acredito e sinto. Só depois é que vou tentar realizar-me na matéria (o glifo de Júpiter é o crescendo da alma acima da cruz da matéria). Saturno também polariza com Urano no sentido do tempo. Enquanto Saturno é o passado, Urano é o apelo de futuro. Enquanto Saturno é aquilo que trago do passado e que tenho de integrar e reestruturar o Urano é o apelo de futuro e o abrir parar algo que ainda não conheço, mas que sinto como um apelo de liberdade e de libertação.

SATURNO – Planeta da Responsabilidade e da Culpa
Saturno é também o planeta da responsabilidade dado que se eu não responder ao tempo e à vida com sabedoria, irei ser naturalmente irresponsável. E há um lado que é muito importante e que nos interessa hoje particularmente que é o fato de Saturno ser o planeta da sombra quando no fundo devia ser o planeta da Consciência. Ele é o planeta da culpa no sentido em que nós culpamos como forma de defesa. Culpabilizamo-nos a nós, aos outros e às situações que a vida nos põe exatamente para não nos vermos a nós próprios.

SATURNO – Consciência Social, Autoconhecimento e Individualização
Saturno tem também a ver com a consciência social e com a noção do certo e errado que nos incutem. Tem a ver com o sentido do dever e da responsabilidade. Podemos dizer que Saturno tem uma chave dupla, uma delas leva-nos à separação uns dos outros (Saturno delimita), e a outra, leva-nos a integrar uma consciência social na qual também nos podemos perder, em última análise (a tal sombra, o tal superego, que pode esconder a verdadeira individualidade). Saturno tem uma dupla função ao capacitar-nos de uma maior consciência social que por sua vez nos conduzirá ao processo de individualização. De facto, é com Saturno integrado que depois podemos passar pela porta de Urano. O tempo e a experiência é realmente a forma como o Saturno aprende mas como é muito conservador, não vai querer largar mão do passado. Com ele sentimo-nos seguros através do conhecido até ao momento em que temos que ser responsáveis pelo nosso destino, ou seja, pelas escolhas que fazemos. É aqui que Saturno tem um papel fundamental pois permite um trabalho ao nível do próprio ser e também das suas opções perante a vida. Só se conquista o livre arbítrio através do autoconhecimento. E só se procura o autoconhecimento quando não temos outra escolha. Isto quer dizer que no fundo, toda essa estrutura e desenvolvimento social, ou seja, o mundo exterior a mim, vai representar e ser uma expressão concreta e visível, e por isso, limitadora, que me vai obrigar a ver quem sou. Saturno permite a realização do processo de autoconhecimento que leva ao Urano, à individualização. Através das experiências da vida, vamo-nos integrando e criando uma estrutura de vida, ou seja, uma individualidade. No entanto, se não aceitamos fazer esse processo, iremos cristalizar. Aí estou a lutar contra o tempo e vou morrendo aos poucos. É o Saturno também que leva a que as coisas se concentrem no Aqui e no Agora, naquilo que se manifesta duma forma objetiva, que é concreto, que tem forma e que chamamos de realidade. E a partir daí ficamos com a consciência exata do que há que fazer em cada situação. É como se a energia de Saturno nos levasse a ter que tornar uma posição perante uma determinada situação, nos obrigasse a agir ou a sermos responsáveis. Saturno traz à luz duma forma objetiva aquilo que precisa dum esforço da nossa parte para ser transformado. Ele coloca-nos problemas concretos bem como dificuldades, para percebermos que aquelas estruturas já não estão adequadas e consequentemente precisam de ser por nós alteradas e renovadas. Ou seja, Saturno simboliza um tipo de experiência de vida concreta e sobretudo um processo psíquico. A Bela e o Monstro associam-se a este processo de Saturno do vencer a sombra. A Bela apaixona-se pelo monstro e o monstro só se transforma em Príncipe quando a Bela lhe dá um beijo. Para podermos iluminar e integrar, temos que em primeiro lugar, aceitar a nossa sombra, as nossas limitações, os nossos defeitos e os nossos problemas, em vez de culpabilizarmos os outros, a vida e a nós próprios.

SATURNO – Sua Relação com o Karma
Saturno é o senhor do karma e por isso transporta, doutras vidas, os medos e as inseguranças provocados por algo que não correu bem. Este “vírus”, mesmo antes do nascimento, aparece, deste modo, incutido no nativo, e irá delimitar, inibir, bloquear e paralisar o seu potencial de crescimento na “nova” vida que se segue. E deste modo, o nativo tem apensa duas alternativas: ou se deixa vencer pela sombra, por esses limites, e não avança, não evolui, ou compreende que se trata de um processo que o Universo, a “Vida” lhe coloca e expande a sua consciência, ou seja, evolui, avança.
Qualquer planeta aspetado a Saturno vai servir o medo que Saturno transportou doutra vida.

Ruy Figueiredo