HOJE ABORDAREMOS AS CARATERÍSTICAS DOS INDIVÍDUOS
QUE NASCERAM COM NETUNO SITUADO NA CASA VIII
Significado da Casa VIII
Enquanto a Casa
II é uma casa pessoal, de terra e tem a ver com “O Meu”, com os valores
próprios, com o signo de Touro e com o planeta Vénus, a Casa VIII é uma casa coletiva
(social), de água e tem a ver com “O Teu/O Nosso”, com os valores dos outros,
com o Signo de Escorpião e com os planetas Marte e Plutão.
Casa II (pessoal)
versus Casa VIII (social)
A Casa II é uma casa pessoal logo visa a expansão consciencial do nativo
através de si próprio enquanto a Casa VIII é uma casa coletiva pois visa a
expansão consciencial do nativo através do outro.
Casa II (do
elemento terra) versus Casa VIII (do elemento água)
A Casa II, por ser uma
casa de terra, representa uma área de vida ligada ao mundo concreto e prático. Nesta
casa, o nativo vive obcecado com a necessidade de segurança material que por sua
vez lhe irá devolver segurança emocional. Deste modo, o nativo quer a todo o
custo ter estabilidade, paz e harmonia, não gosta de mudanças, não se deixa
transformar (é teimoso) e vive dependente da necessidade de possuir.
Já a Casa VIII, sendo uma casa de água, representa uma área de vida
focada nos sentimentos, memórias, emoções e instintos.
Existem três casas de
água. A Casa IV é a primeira casa de água e representa as águas do Caranguejo
que têm a ver com a nossa herança em termos genéticos,
hereditários, psicológicos, educacionais, emocionais e com a nossa maior ou
menor capacidade para nos sentirmos alimentados e felizes em função desse
“património” herdado. A Casa IV representa então as águas onde nos banhámos,
vivemos e fomos nutridos na nossa infância. Nesta casa, o nativo sentir-se-á
seguro emocionalmente se tiver sido adequadamente alimentado em termos
emocionais.
A Casa VIII é a segunda
casa de água e representa as águas abissais, profundas, instintivas,
inconscientes, animais, irracionais,
obsessivas, primárias, egocêntricas, separatistas, violentas, psíquicas e cármicas do Escorpião. Nesta
casa, o nativo sentir-se-á seguro emocionalmente se conseguir satisfazer os
seus desejos mais recônditos e profundos e se conseguir satisfazer o seu instinto
inconsciente de sobrevivência à vida.
A Casa XII é a terceira
casa de água e já tem a ver com as águas do oceano cósmico às quais nos devemos
render e entregar. Essa entrega do nosso ser à “VIDA” apenas será conseguida
quando naturalmente confiarmos nela e acreditarmos que sempre cuidará de nós e nos
levará para onde temos que ir. Só
consegue nadar nas águas deste oceano cósmico, aqueles que naturalmente se
rendem e se entregam à “VIDA”, submetendo-se à sua vontade. São pessoas para
quem as referências biológicas da Casa IV perderam sentido ("Quem é
minha mãe, e quem são meus irmãos?" disse Jesus) e para quem os instintos, os medos
e as inseguranças da Casa VIII, foram superados.
Como reparamos, enquanto
na Casa II, o nativo não se deixa transformar e atrai estabilidade, calma,
tranquilidade e harmonia através das coisas que vai obtendo no mundo concreto, na
Casa VIII, o nativo é impelido a transformar-se, superando os impulsos
incontroláveis que experiencia face às diversas situações de perda que
seguramente irá atrair. Nesta casa, o nativo atrai situações de perda porque no
fundo deseja mais do que necessita e porque coloca na satisfação dos seus desejos,
uma intensa carga instintiva e psicológica, ou seja, deseja as coisas e as
pessoas a todo o custo e não pode sequer pensar na hipótese de não as ter ou de
as perder. É mais forte do que ele, é visceral, é instintivo, é irracional.
Deste modo, vive interiormente agitado, intranquilo. De fato, o nativo explode,
sempre que um desejo intenso e inconsciente não é satisfeito. O que a “VIDA” pretende
é que esse nativo morra para esse desejo, ou seja, que não fique dele
dependente e que perca toda a carga instintiva com que o alimenta. Mais cedo ou mais
tarde, após diversas experiências de perda, o nativo terá conseguido
transformar-se e a sua intranquilidade desaparecerá pois terá apaziguado as
suas águas instintivas e animais que não o deixavam evoluir e que lhe davam
instabilidade e intranquilidade.
A proposta desta casa é sermos capazes de perder
gradualmente a carga instintiva de sobrevivência que
habita dentro de nós e que herdámos e transportámos de outras vidas em
resultado dos medos e inseguranças que desenvolvemos como reação a diversas
situações que experienciamos e que nos puseram à prova. Nesse sentido, a Casa VIII é a casa das várias
mortes psíquicas bem como também, da morte física. As mortes psíquicas permitem
a alteração do estado de consciência no que se refere à aceitação da não satisfação
do desejo. Não quer dizer que se abdique do desejo. O que é crucial é conseguir
desejar sem cargas instintivas. Deste modo, a
Casa VIII é uma verdadeira
casa de iniciação, renascimento,
pois representa a área de vida onde o nativo se pode
regenerar, transformar, alquimizar, renascer.
Casa II (“O
Meu”) versus Casa VIII (“O Teu/ O Nosso)
A Casa II tem a ver com as ferramentas, valores e dotes que trazemos ao
mundo e que podem ser desenvolvidos e postos em prática. Nela iremos investir os nossos recursos naturais, os nossos valores (ou
seja, os valores próprios) para sermos auto suficientes, termos um sentimento
de auto estima, sabermos o que valemos e no fundo, termos segurança emocional com
base nas coisas práticas, de valor e de dinheiro que possuímos. É a casa do
“Meu” (o meu carro, a minha casa, a minha esposa, os meus filhos, o meu
dinheiro, o meu barco, etc.).
A casa VIII,
de transformação através do outro, não são os nossos valores que interessam,
mas sim os dos outros. Os outros vão constituir o combustível que irá ativar o
nosso “caldeirão” interior e que propiciará as transformações necessárias à
nossa transcendência. Ligamo-nos aos outros para podermos descobrir uma
dimensão de nós próprios que não descobriríamos, sozinhos. Deste modo, a Casa
VIII está relacionada com as posses de um relacionamento, com a propriedade comum, com os recursos conjuntos, com as heranças, com o dinheiro do outro, com os negócios, com as sociedades, com os impostos,
com os seguros e com as finanças.
Casa VIII – os
desejos, as dependências, o poder oculto e o sexo
Na Casa VIII, o nativo
fica prisioneiro, refém, dependente da satisfação de um desejo qualquer que lhe proporciona um sentimento de segurança, potência e
poder. Nesta casa, ele sentir-se-á tranquilo e feliz enquanto continuar a
existir e estiver sob o seu controlo, aquilo que deseja e que identificou como
objeto da sua segurança emocional. O problema e a instabilidade surgem quando
acontece algo que vem ameaçar a continuidade da satisfação desse desejo. Quando
tal acontece, o nativo transforma-se num “animal” no sentido que do seu interior profundo, emergem,
acordam e são ativados os seus instintos. O instinto é a força que emerge
dentro de cada um de nós, de forma inconsciente, sempre que lutamos para
sobreviver. Quando o desejo não é satisfeito, os instintos vêm ao de cima e
coisas desagradáveis e impensáveis podem acontecer. É o drama do Escorpião, daí
a baixa conotação das pessoas deste signo, muito embora, no geral, seja
injusta, dado o indivíduo de Escorpião ser, uma pessoa perfeitamente controlada
e pacífica (mas por favor não façam com que ele se sinta magoado, pois aí, toda
a sua força instintiva emergirá e tudo poderá acontecer). Como se constata, na
Casa VIIII, a pessoa está presa, refém e dependente do seu instinto que é
acordado quando algo se coloca entre ela e o seu desejo. Deste modo, a Casa
VIII é a casa da paixão, do poder
psíquico, da bruxaria, do ocultismo,
dos rituais,
das iniciações, da medicina, da
cura e
também do sexo que representa um dos
instintos mais básicos de sobrevivência (da procriação da espécie).
Casa VIII –
o trabalho relacional
A casa VII e a casa VIII representam as áreas onde
os relacionamentos são trabalhados. Enquanto na Casa VII (ligada ao planeta
Vénus e ao signo mental da Balança), o trabalho baseia-se no processo mental de
espelho (identificação e desidentificação), na Casa VIII (ligadas aos planetas
Marte e Plutão e ao signo do Escorpião), o trabalho não é mental, mas psicológico e emocional dado lidar com instintos e desejos.
Na Casa VII os outros são o motor da nossa
transformação, mas apenas no tocante à compreensão de quem é o outro, de quem
somos e do que é uma relação. Ou seja, na Casa VII, atraímos alguém com que nos
identificamos e esse alguém será o motor da na nossa expansão consciencial
porque começamos a aprender, através dele, quem somos. Deste modo, se formos
ciumentos mas não soubermos que o somos, é provável que atraiamos um parceiro
ciumento com o qual e através do qual, naturalmente, começamos a perceber que
afinal também temos essa postura. Assim, ampliamos a nossa a consciência e
dizemos para nós próprios: “Foi preciso
andar com esta pessoa para ver nela aquilo que em mim não reconhecia. Consegui finalmente
perceber que também sou uma pessoa ciumenta”. No entanto, o fato de se perceber
“intelectualmente” que se é
ciumento, não vai curar esse problema pois é necessário ir mais fundo e perceber porque é se esse problema existe. Uma das formas da pessoa ir ao fundo
é sem dúvida, passar pelos dramas da casa VIII, porque nesta casa, a paixão e a
entrega são profundas e quando há o corte, a resposta é dada pelo instinto, e
por favor saiam da frente porque as atitudes são imprevisíveis.
Se a Casa
VIII pressupõe entrega, fusão, quando as expetativas que temos sobre os outros
são goradas (por exemplo, quando somos traídos, abandonados), sentimos que o
mundo caiu, desabou. Se a fusão na Casa VIII fosse apenas mental como na casa
VII, haveria tristeza mas sem transformação. A fusão experienciada na Casa VIII
faz emergir o pior que há em nós (vingança, raiva, ódio, medo, etc.) quando o
nosso desejo deixa de ser satisfeito ou perdermos o controlo sobre o outro, De
fato, só quando estamos fundidos é que o corte e a separação são dolorosos. Só
nestes casos é que é acordado o escorpião, o animal que existe em nós. Então
sentimos uma perda, e se persistirmos a desejar visceralmente as coisas,
voltaremos mais tarde a ter novamente outra perda, até que um dia, conseguiremos
exorcizar os nossos instintos baseados no medo e na sobrevivência animal.
Aceitamos perder e então renascemos, pois deixámos de ser instintivos.
Significado de Netuno
Netuno rege o
signo de Peixes. É um planeta feminino, passivo, recetor, “yin” e portanto está
ligado às emoções e aos sentimentos. Netuno é o apelo do
absoluto, do amor universal e do serviço. É o nosso apelo
mais inconsciente de unidade, de totalidade. Netuno quer sempre ligar, mas
ligar de uma forma total.
Significado de Netuno na Casa VIII
Com Netuno na Casa VII o que irá ser absolutizado é o
desejo e o instinto de sobrevivência. No geral estes nativos querem muito
determinada coisa ou evento (quero muito
relacionar-me com aquele indivíduo, quero muito comprar aquela casa, quero
muito ser promovido, etc.) e pensam que se aquilo que desejam for
satisfeito vão ter o máximo, vão ficar muito felizes, vão ter Deus cá na Terra.
Mas infelizmente verificam, uma vez o desejo satisfeito, que a gratificação não
foi a que esperavam. Há um provérbio indiano que diz: "Deus quando quer castigar os homens,
cumpre-lhes os desejos". Tal provérbio pode ser expresso também desta forma: "Direcionei toda a minha vida
numa direção que julgava ser a mais correta e verifico, de repente, que mesmo
me encontrando agora onde sempre quis estar, nada do que encontrei, me devolve
aquilo que eu estava à espera".
No
geral, as pessoas com Netuno na Casa VIII têm uma forte atração pelo lado
profundo e misterioso da vida, pelo oculto,
pela morte e pelo sexo. Possuem uma elevada capacidade intuitiva e
imaginativa. Se as caraterísticas positivas de Netuno emergem,
pode dar pessoas com grande capacidade de entrega ao outro, com grande
necessidade de busca espiritual e tenderão a viver o sexo de uma forma sagrada.
Se pelo contrário são as caraterísticas negativas de Netuno que emergem, então
pode dar pessoas com tendências para o suicídio, bruxaria e com fortes apelos
sexuais.
Ruy
Figueiredo