domingo, 18 de setembro de 2016

ASTROLOGIA. NETUNO NA CASA VIII (PARTE XXI)

HOJE ABORDAREMOS AS CARATERÍSTICAS DOS INDIVÍDUOS QUE NASCERAM COM NETUNO SITUADO NA CASA VIII

Significado da Casa VIII
Enquanto a Casa II é uma casa pessoal, de terra e tem a ver com “O Meu”, com os valores próprios, com o signo de Touro e com o planeta Vénus, a Casa VIII é uma casa coletiva (social), de água e tem a ver com “O Teu/O Nosso”, com os valores dos outros, com o Signo de Escorpião e com os planetas Marte e Plutão.

Casa II (pessoal) versus Casa VIII (social)
A Casa II é uma casa pessoal logo visa a expansão consciencial do nativo através de si próprio enquanto a Casa VIII é uma casa coletiva pois visa a expansão consciencial do nativo através do outro.

Casa II (do elemento terra) versus Casa VIII (do elemento água)
A Casa II, por ser uma casa de terra, representa uma área de vida ligada ao mundo concreto e prático. Nesta casa, o nativo vive obcecado com a necessidade de segurança material que por sua vez lhe irá devolver segurança emocional. Deste modo, o nativo quer a todo o custo ter estabilidade, paz e harmonia, não gosta de mudanças, não se deixa transformar (é teimoso) e vive dependente da necessidade de possuir.
Já a Casa VIII, sendo uma casa de água, representa uma área de vida focada nos sentimentos, memórias, emoções e instintos.
Existem três casas de água. A Casa IV é a primeira casa de água e representa as águas do Caranguejo que têm a ver com a nossa herança em termos genéticos, hereditários, psicológicos, educacionais, emocionais e com a nossa maior ou menor capacidade para nos sentirmos alimentados e felizes em função desse “património” herdado. A Casa IV representa então as águas onde nos banhámos, vivemos e fomos nutridos na nossa infância. Nesta casa, o nativo sentir-se-á seguro emocionalmente se tiver sido adequadamente alimentado em termos emocionais.
A Casa VIII é a segunda casa de água e representa as águas abissais, profundas, instintivas, inconscientes, animais, irracionais, obsessivas, primárias, egocêntricas, separatistas, violentas, psíquicas e cármicas do Escorpião. Nesta casa, o nativo sentir-se-á seguro emocionalmente se conseguir satisfazer os seus desejos mais recônditos e profundos e se conseguir satisfazer o seu instinto inconsciente de sobrevivência à vida.
A Casa XII é a terceira casa de água e já tem a ver com as águas do oceano cósmico às quais nos devemos render e entregar. Essa entrega do nosso ser à “VIDA” apenas será conseguida quando naturalmente confiarmos nela e acreditarmos que sempre cuidará de nós e nos levará para onde temos que ir. Só consegue nadar nas águas deste oceano cósmico, aqueles que naturalmente se rendem e se entregam à “VIDA”, submetendo-se à sua vontade. São pessoas para quem as referências biológicas da Casa IV perderam sentido ("Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?" disse Jesus) e para quem os instintos, os medos e as inseguranças da Casa VIII, foram superados.

Como reparamos, enquanto na Casa II, o nativo não se deixa transformar e atrai estabilidade, calma, tranquilidade e harmonia através das coisas que vai obtendo no mundo concreto, na Casa VIII, o nativo é impelido a transformar-se, superando os impulsos incontroláveis que experiencia face às diversas situações de perda que seguramente irá atrair. Nesta casa, o nativo atrai situações de perda porque no fundo deseja mais do que necessita e porque coloca na satisfação dos seus desejos, uma intensa carga instintiva e psicológica, ou seja, deseja as coisas e as pessoas a todo o custo e não pode sequer pensar na hipótese de não as ter ou de as perder. É mais forte do que ele, é visceral, é instintivo, é irracional. Deste modo, vive interiormente agitado, intranquilo. De fato, o nativo explode, sempre que um desejo intenso e inconsciente não é satisfeito. O que a “VIDA” pretende é que esse nativo morra para esse desejo, ou seja, que não fique dele dependente e que perca toda a carga instintiva com que o alimenta. Mais cedo ou mais tarde, após diversas experiências de perda, o nativo terá conseguido transformar-se e a sua intranquilidade desaparecerá pois terá apaziguado as suas águas instintivas e animais que não o deixavam evoluir e que lhe davam instabilidade e intranquilidade.
A proposta desta casa é sermos capazes de perder gradualmente a carga instintiva de sobrevivência que habita dentro de nós e que herdámos e transportámos de outras vidas em resultado dos medos e inseguranças que desenvolvemos como reação a diversas situações que experienciamos e que nos puseram à prova. Nesse sentido, a Casa VIII é a casa das várias mortes psíquicas bem como também, da morte física. As mortes psíquicas permitem a alteração do estado de consciência no que se refere à aceitação da não satisfação do desejo. Não quer dizer que se abdique do desejo. O que é crucial é conseguir desejar sem cargas instintivas. Deste modo, a Casa VIII é uma verdadeira casa de iniciação, renascimento, pois representa a área de vida onde o nativo se pode regenerar, transformar, alquimizar, renascer.

Casa II (“O Meu”) versus Casa VIII (“O Teu/ O Nosso)
A Casa II tem a ver com as ferramentas, valores e dotes que trazemos ao mundo e que podem ser desenvolvidos e postos em prática. Nela iremos investir os nossos recursos naturais, os nossos valores (ou seja, os valores próprios) para sermos auto suficientes, termos um sentimento de auto estima, sabermos o que valemos e no fundo, termos segurança emocional com base nas coisas práticas, de valor e de dinheiro que possuímos. É a casa do “Meu” (o meu carro, a minha casa, a minha esposa, os meus filhos, o meu dinheiro, o meu barco, etc.).
A casa VIII, de transformação através do outro, não são os nossos valores que interessam, mas sim os dos outros. Os outros vão constituir o combustível que irá ativar o nosso “caldeirão” interior e que propiciará as transformações necessárias à nossa transcendência. Ligamo-nos aos outros para podermos descobrir uma dimensão de nós próprios que não descobriríamos, sozinhos. Deste modo, a Casa VIII está relacionada com as posses de um relacionamento, com a propriedade comum, com os recursos conjuntos, com as heranças, com o dinheiro do outro, com os negócios, com as sociedades, com os impostos, com os seguros e com as finanças.


Casa VIII   os desejos, as dependências, o poder oculto e o sexo
Na Casa VIII, o nativo fica prisioneiro, refém, dependente da satisfação de um desejo qualquer que lhe proporciona um sentimento de segurança, potência e poder. Nesta casa, ele sentir-se-á tranquilo e feliz enquanto continuar a existir e estiver sob o seu controlo, aquilo que deseja e que identificou como objeto da sua segurança emocional. O problema e a instabilidade surgem quando acontece algo que vem ameaçar a continuidade da satisfação desse desejo. Quando tal acontece, o nativo transforma-se num “animal” no sentido que do seu interior profundo, emergem, acordam e são ativados os seus instintos. O instinto é a força que emerge dentro de cada um de nós, de forma inconsciente, sempre que lutamos para sobreviver. Quando o desejo não é satisfeito, os instintos vêm ao de cima e coisas desagradáveis e impensáveis podem acontecer. É o drama do Escorpião, daí a baixa conotação das pessoas deste signo, muito embora, no geral, seja injusta, dado o indivíduo de Escorpião ser, uma pessoa perfeitamente controlada e pacífica (mas por favor não façam com que ele se sinta magoado, pois aí, toda a sua força instintiva emergirá e tudo poderá acontecer). Como se constata, na Casa VIIII, a pessoa está presa, refém e dependente do seu instinto que é acordado quando algo se coloca entre ela e o seu desejo. Deste modo, a Casa VIII é a casa da paixão, do poder psíquico, da bruxaria, do ocultismo, dos rituais, das iniciações, da medicina, da cura e também do sexo que representa um dos instintos mais básicos de sobrevivência (da procriação da espécie).

Casa VIII – o trabalho relacional
A casa VII e a casa VIII representam as áreas onde os relacionamentos são trabalhados. Enquanto na Casa VII (ligada ao planeta Vénus e ao signo mental da Balança), o trabalho baseia-se no processo mental de espelho (identificação e desidentificação), na Casa VIII (ligadas aos planetas Marte e Plutão e ao signo do Escorpião), o trabalho não é mental, mas psicológico e emocional dado lidar com instintos e desejos.
Na Casa VII os outros são o motor da nossa transformação, mas apenas no tocante à compreensão de quem é o outro, de quem somos e do que é uma relação. Ou seja, na Casa VII, atraímos alguém com que nos identificamos e esse alguém será o motor da na nossa expansão consciencial porque começamos a aprender, através dele, quem somos. Deste modo, se formos ciumentos mas não soubermos que o somos, é provável que atraiamos um parceiro ciumento com o qual e através do qual, naturalmente, começamos a perceber que afinal também temos essa postura. Assim, ampliamos a nossa a consciência e dizemos para nós próprios: “Foi preciso andar com esta pessoa para ver nela aquilo que em mim não reconhecia. Consegui finalmente perceber que também sou uma pessoa ciumenta”. No entanto, o fato de se perceber “intelectualmente” que se é ciumento, não vai curar esse problema pois é necessário ir mais fundo e perceber porque é se esse problema existe. Uma das formas da pessoa ir ao fundo é sem dúvida, passar pelos dramas da casa VIII, porque nesta casa, a paixão e a entrega são profundas e quando há o corte, a resposta é dada pelo instinto, e por favor saiam da frente porque as atitudes são imprevisíveis.
Se a Casa VIII pressupõe entrega, fusão, quando as expetativas que temos sobre os outros são goradas (por exemplo, quando somos traídos, abandonados), sentimos que o mundo caiu, desabou. Se a fusão na Casa VIII fosse apenas mental como na casa VII, haveria tristeza mas sem transformação. A fusão experienciada na Casa VIII faz emergir o pior que há em nós (vingança, raiva, ódio, medo, etc.) quando o nosso desejo deixa de ser satisfeito ou perdermos o controlo sobre o outro, De fato, só quando estamos fundidos é que o corte e a separação são dolorosos. Só nestes casos é que é acordado o escorpião, o animal que existe em nós. Então sentimos uma perda, e se persistirmos a desejar visceralmente as coisas, voltaremos mais tarde a ter novamente outra perda, até que um dia, conseguiremos exorcizar os nossos instintos baseados no medo e na sobrevivência animal. Aceitamos perder e então renascemos, pois deixámos de ser instintivos.


Significado de Netuno
Netuno rege o signo de Peixes. É um planeta feminino, passivo, recetor, “yin” e portanto está ligado às emoções e aos sentimentos. Netuno é o apelo do absoluto, do amor universal e do serviço. É o nosso apelo mais inconsciente de unidade, de totalidade. Netuno quer sempre ligar, mas ligar de uma forma total.


Significado de Netuno na Casa VIII
Com Netuno na Casa VII o que irá ser absolutizado é o desejo e o instinto de sobrevivência. No geral estes nativos querem muito determinada coisa ou evento (quero muito relacionar-me com aquele indivíduo, quero muito comprar aquela casa, quero muito ser promovido, etc.) e pensam que se aquilo que desejam for satisfeito vão ter o máximo, vão ficar muito felizes, vão ter Deus cá na Terra. Mas infelizmente verificam, uma vez o desejo satisfeito, que a gratificação não foi a que esperavam. Há um provérbio indiano que diz: "Deus quando quer castigar os homens, cumpre-lhes os desejos". Tal provérbio pode ser expresso também desta forma: "Direcionei toda a minha vida numa direção que julgava ser a mais correta e verifico, de repente, que mesmo me encontrando agora onde sempre quis estar, nada do que encontrei, me devolve aquilo que eu estava à espera".

No geral, as pessoas com Netuno na Casa VIII têm uma forte atração pelo lado profundo e misterioso da vida, pelo oculto, pela morte e pelo sexo. Possuem uma elevada capacidade intuitiva e imaginativa. Se as caraterísticas positivas de Netuno emergem, pode dar pessoas com grande capacidade de entrega ao outro, com grande necessidade de busca espiritual e tenderão a viver o sexo de uma forma sagrada. Se pelo contrário são as caraterísticas negativas de Netuno que emergem, então pode dar pessoas com tendências para o suicídio, bruxaria e com fortes apelos sexuais.


Ruy Figueiredo

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

ASTROLOGIA. NETUNO NA CASA VII (PARTE XX)

HOJE ABORDAREMOS AS CARATERÍSTICAS DOS INDIVÍDUOS QUE NASCERAM COM NETUNO SITUADO NA CASA VII

Significado da Casa VII
A Casa VII é a primeira casa do Hemisfério Sul, Diurno ou Superior que integra as casas coletivas ou sociais VII a XII. Enquanto as casas pessoais do Hemisfério Norte, Noturno ou Inferior visam a expansão da consciência individual, as do Hemisfério Diurno, visam a expansão da consciência social. A Casa VII é portanto a primeira das casas coletivas ou sociais.
Nas casas coletivas é mais importante a objetividade e a vida exterior enquanto nas pessoais é mais acentuado a subjetividade e a vida interior. Nas casas coletivas o indivíduo age em função do outro enquanto nas pessoais, age em função de si próprio.
A cúspide da Casa VII (grau e signo que abre a Casa VII) é chamada de Descendente. Trata-se de uma singularidade do mapa muito importante e que é oposta ao Ascendente (cúspide da Casa I). Nesse sentido, o Descendente representará o ponto de consciência dos outros enquanto o Ascendente, o ponto de consciência de cada um.
Do mesmo modo, a Casa I representa a “Casa do Eu” enquanto a Casa VII, a “Casa dos Outros”.
Enquanto na Casa I expandimos a nossa consciência através das iniciativas que tomamos, na Casa VII, ampliamos a nossa consciência através dos relacionamentos e isto porque os relacionamentos funcionam como espelhos através do mecanismo da projeção. O que é a projeção? Segundo Freud, a projeção é um mecanismo de defesa psicológico que faz com que determinada pessoa projete os seus próprios pensamentos, motivações, desejos e sentimentos indesejáveis numa ou mais pessoas.
Deste modo, a projeção reduz a ansiedade por permitir a expressão de impulsos inconscientes, indesejados ou não, fazendo com que a mente consciente não os reconheça. A projeção deste modo, faz com que as pessoas observem nos outros, as suas próprias caraterísticas reprimidas ou que não conseguem expressar conscientemente. A pessoa sente-se inconscientemente atraída por alguém que apresente ou exprima naturalmente as caraterísticas pessoais reprimidas e rejeitadas.
Ao vivenciar a experiência relacional, a pessoa que projeta vai poder viver e até consciencializar-se das caraterísticas pessoais que não consegue exprimir. Deste modo, vai verificar-se uma expansão consciencial através do outro. É através do convívio com o outro que a pessoa vai aprender mais sobre si próprio. Ora a Casa VII é o palco onde o teatro relacional decorre. Muitas vezes o primeiro passo para começarmos a saber o que de fato queremos é saber o que de fato não queremos. Ora, para isso, temos muitas vezes que experienciar coisas que à partida gostamos mas que depois verificamos não serem bem aquilo que desejávamos. Ganhamos consciência através dos relacionamentos. Deste modo, os nossos piores companheiros(as) relacionais podem bem ter sido, os nossos melhores mestres, no sentido de que, através deles (delas) pudemos ganhar um pouco mais de consciência de quem realmente somos e realmente queremos.

Significado de Netuno
Netuno rege o signo de Peixes. É um planeta feminino, passivo, recetor, “yin” e portanto está ligado às emoções e aos sentimentos. Netuno é o apelo do absoluto, do amor universal e do serviço. É o nosso apelo mais inconsciente de unidade, de totalidade. Netuno quer sempre ligar, mas ligar de uma forma total.


Significado de Netuno na Casa VII
Os netunianos de Casa VII, no geral, vão experienciar as caraterísticas negativas do Netuno, ou seja, vão idealizar, mitificar, absolutizar, potenciar o teatro relacional. Deste modo, vão ter expetativas irrealistas em relação ao relacionamento. Vão julgar que o seu casamento é perfeito, que o seu companheiro é perfeito e que irão viver felizes para sempre. Como colocam a fasquia muito alta (iludem-se), mais cedo ou mais tarde irão desiludir-se e consequentemente sofrer.
Quando os aspetos positivos de Netuno são experienciados, os nativos terão tendência para a busca espiritual e sentir-se-ão emocionalmente ligados ao outro. Essa ligação emocional pode ser de tal forma elevada que poderão experienciar dependência nos relacionamentos, especialmente se o Netuno for angular, isto é, quando estiver conjunto ao Descendente (quanto menor a orbe, maior o efeito). Os nativos com Netuno na Casa VII angular vão ser pessoas que ficam muito agarradas ao outro, muito dependentes, perdendo muitas vezes, quando na relação, o sentido de si próprias.


Ruy Figueiredo