sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

ASTROLOGIA. URANO JÚPITER (PARTE IX)

Nesta postagem iremos falar das caraterísticas dos nativos que nasceram com Júpiter ligado a Urano


Júpiter e a Mitologia
Júpiter (Zeus para os Gregos) era filho de Saturno e de Réia. Foi considerado o Deus dos deuses. Antes de Júpiter, reinava o caos e a desordem, mas a partir de Júpiter, o MUNDO ficou ordenado, pois Júpiter trouxe-lhe a Ordem.

Júpiter e a Anatomia
Júpiter rege o fígado (maior glândula do corpo), as glândulas suprarrenais e a pituitária. Rege ainda a circulação arterial, a gordura, o pâncreas, o nervo ciático, o fémur e a artéria femoral.

O Glifo de Júpiter
O glifo de Júpiter integra a cruz (matéria) e a meia-lua (alma) por cima, indicando que os objetivos da alma devem estar acima dos objetivos da matéria.

Significado de Júpiter
Até Marte inclusive, gravitam os planetas rápidos, pessoais, que servem a personalidade, que servem o Ego (Sol, Lua, Mercúrio, Vénus e Marte). Entre os planetas rápidos e os lentos (Urano, Netuno e Plutão), gravitam os denominados planetas sociais (Júpiter e Saturno), que funcionam assim como forças intermediárias entre as energias do Ego (de baixa frequência) e as energias Cósmicas (de alta frequência).
Júpiter constitui assim o primeiro planeta social. Este planeta rege o signo Sagitário que é representado por um centauro a apontar uma seta para cima, para o céu, indicando claramente que se deve procurar o conhecimento “que está acima”, se quisermos ir mais além, se quisermos ampliar a nossa consciência. Deste modo, Júpiter relaciona-se com o conhecimento situado ainda mais acima do conhecimento elevado que se pode obter nas universidades. Trata-se do conhecimento das leis invisíveis que regulam o mundo. Por isso, Júpiter rege tradicionalmente a Casa IX, que se opõe à Casa III, regida por Gémeos. De fato na Casa III, o nativo apenas consegue conhecer as leis visíveis do mundo dado que esta casa está ligada ao cérebro esquerdo ou solar, ou seja à mente inferior, concreta, racional, lógica, analítica, empírica, dedutiva, científica e linear. Na Casa IX, o nativo já consegue aceder às leis invisíveis do mundo dado que esta casa está ligada ao cérebro direito ou lunar, ou seja, à mente superior, abstrata, intuitiva, indutiva e ao TODO. Enquanto o Mercúrio analisa as partes, Júpiter tem a capacidade de intuir, de visualizar, de ver o Todo. Tem uma visão holística das coisas. Deste modo, o nativo na Casa IX, tem capacidade para intuir as verdades e as leis invisíveis que regulam o Universo, ou seja, por intuição ou por “flashes”, consegue aceder à compreensão do funcionamento cósmico. Ao aceder a esse conhecimento, o nativo identifica-se com o mesmo pois este ressoa dentro dele e ao ressoar, sente-o, e ao senti-lo, dá-lhe um sentido, um significado. Ao dar-lhe um sentido, acredita nesse conhecimento. Ao acreditar nesse conhecimento, o mesmo passa a ser para ele uma verdade incontornável. E ao sentir aquela verdade, vai passá-la aos outros e vai passá-la com imensa convicção e energia pois a Casa IX é uma casa de fogo, de expansão. O nativo não precisa que lhe expliquem racionalmente porque é que aquilo em que acredita, corresponde a uma verdade. Simplesmente intui que é verdade e a partir daí passa a acreditar. O nativo crê sem necessidade de ver e crê porque lhe faz sentido, porque sente. O nativo acredita, pura e simplesmente. O acreditar não carece de fundamentação percecional ou mental. O acreditar apenas carece de identificação emocional, vibracional e de ressoamento. Deste modo, na Casa IX, o nativo poderá intuir e ir mais longe na consciência de quem é, poderá intuir as “Leis” que ordenam o mundo e que lhe dão um sentido e significado. E ao tê-las como referência, o nativo se dimensiona e se conhece e transmitindo-as aos outros, ajuda os outros a dimensionaram-se e a conhecerem-se também. É muito por causa da força deste “acreditar”, que se associa o otimismo aos nativos do signo de Sagitário. Os sagitarianos acreditam que as coisas vão funcionar, que tudo irá correr pelo melhor e isso é assim porque eles nasceram com a capacidade de acreditar.


Júpiter, em síntese, está relacionado com os seguintes 3 vetores:
a)   Vetor da Expansão
abundância, ampliação, riqueza, fortuna, sorte, confiança, otimismo, generosidade, bondade, ampliação consciencial;
b)   Vetor do Conhecimento
busca da compreensão da condição humana, busca de verdade, busca do sentido da
vida, religião, filosofia, sabedoria, fé, intuição, viagens, estrangeiro, cultura, educação superior, universidades, professores, mestres, gurus;
c)   Vetor dos Valores
valores, moral, leis, códigos, justiça, honra, necessidade de ordem, virtude, ética,
nobreza.

O Vetor dos valores é muito importante para o ser humano dado que os VALORES norteiam as escolhas e decisões individuais e consequentemente, a forma como intervimos no coletivo. De fato, é em torno do que valorizamos que escolhemos, decidimos e fixamos as nossas prioridades. Se para alguém a honestidade é um valor incontornável, então dificilmente esta pessoa praticará um ato desonesto. Se para alguém a fidelidade é um valor em que acredita fortemente, então dificilmente esta pessoa trairá o seu parceiro. Cada indivíduo rege-se então pelo corpo de valores em que acredita e que lhe foi transmitido, numa primeira fase, pelos pais e posteriormente, pelos professores e outros mestres que apareceram na sua vida.

Se no mapa astrológico, Júpiter estiver harmonioso, as suas caraterísticas positivas de lealdade, ousadia, nobreza de caráter, sentido de justiça, entre outras, poderão aflorar e constituírem o motor de oportunidades para a expansão do nativo. Se pelo contrário Júpiter estiver debilitado no mapa, é provável que o nativo tenha um comportamento algo negativo e baseado no esbanjamento, obstinação, fraude, fanatismo religioso, excessos e exageros.
A casa onde Júpiter se encontra revela as áreas da atividade humana onde o nativo será bafejado pela sorte e onde poderá expandir-se. Júpiter representa muito o nosso anjo da guarda, a nossa estrela guia que nos orienta nos momentos difíceis da vida.


Significado de Urano
Urano rege o signo de Aquário e está em detrimento em Leão. A sua casa tradicional é a Casa XI. Em termos anatómicos está relacionado com o sistema nervoso e circulatório e com as doenças psíquicas. Urano representa a mente sintética que capta, apreende e compreende as coisas de forma holística e dinâmica. Urano é elétrico, descondicionador e atua quase sempre de forma inesperada. O seu objetivo é romper com as estruturas sociais rígidas e limitativas que não devolvem a liberdade ao nativo.
Podemos comparar o processo Uraniano com o “descascar de uma cebola”, no sentido, em que o nativo para ser livre, para chegar à sua essência, tem que retirar todas as camadas de resistência, bloqueios e medos que acumulou durante a sua vida. O nativo apenas será livre, apenas atingirá o essencial de quem é, quando tiver arrancado todas as camadas da sua cebola existencial. Urano é esse movimento, é essa transformação e é essa dinâmica de permanente renovação que o Universo ou Ordem Cósmica propõem.


URANO EM ASPETO A JÚPITER
A - Urano ligado harmonicamente a Júpiter
Quando no mapa de um nativo o Júpiter está bem aspetado a Urano, isso significa que o nativo já nasceu a acreditar, ou seja, a ter fé (Júpiter) na liberdade e na evolução (Urano). Deste modo, de forma intuitiva, já nasceu a considerar a liberdade e a evolução como valores incondicionais da vida. Estes nativos, no geral, ajudam a sociedade onde se inserem, a avançar e a abrir. Com a sua intervenção, a sociedade não se estagna, antes pelo contrário, avança para onde precisa de avançar.

B - Urano ligado desarmonicamente a Júpiter
Quando Júpiter, no mapa natal, encontra-se mal ligado a determinado planeta, isso significa que a pessoa nasceu sem capacidade para valorizar a função psíquica associada àquele planeta, ou seja, o nativo não consegue, não tem capacidade ou tem dificuldade em atribuir um significado ou sentido à experiência daquela função e deste modo, nesta vida, vai necessariamente ter que adquirir experiência sobre o valor daquela função. Enquanto o nativo não aprender como viver aquela função, ou seja, enquanto não aprender os critérios ou limites da sua vivência, poderá se comportar, em relação àquela função, de uma forma limitada, normal ou exagerada. De fato, como não tem critérios, pode dar o significado que entender ou que lhe aprouver e por isso, um planeta mal ligado a Júpiter pode durante a vida, levantar problemas éticos porque a pessoa vai ser obrigada a confrontar-se com essa falta de valorização para a função daquele planeta.
Quando, no mapa natal, Júpiter está mal aspetado a Urano, isto significa que o nativo nasceu sem saber valorizar a liberdade e que terá que fazer a devida aprendizagem sobre este valor. O apelo de liberdade está lá, só que o nativo o vai ouvir de forma desafinada.
Se o aspeto tensional a envolver os dois planetas for o de quadratura, o Urano não estará resolvido, ou seja, não se sentirá livre porque o Júpiter não o saberá apreciar dado o nativo ter nascido sem referências ou critérios para a correta valorização da liberdade. Isto significa que o nativo irá dar à liberdade o significado que entender ou desejar e deste modo, poderão surgir problemas éticos ou de outra natureza, nas questões relacionadas com este valor. A pessoa quer a liberdade mas ainda não sabe como a adquirir. O nativo pensará que a liberdade em que a acredita é a verdadeira liberdade, quando por vezes não o é. Deste modo, o nativo poderá ser algo amoral e libertino, ou seja, para ele a liberdade é o que ele deseja. As pessoas que têm o Urano mal ligado a Júpiter são pessoas que passam sem problema (“sem pestanejar”), os sinais vermelhos dos semáforos do trânsito. O Júpiter otimiza e acredita que não vai haver problema e o Urano, por ser rebelde, avança.

RUY FIGUEIREDO

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

ASTROLOGIA. URANO MARTE (PARTE VIII)

Nesta postagem iremos falar das caraterísticas dos nativos que nasceram com Marte ligado a Urano.

Caraterísticas de Marte
O glifo astrológico original do planeta Marte era uma cruz sobre um círculo. A cruz representa os 4 elementos, a matéria, e o círculo representa o Todo, O Uno, o Espírito. Este glifo representava, portanto, o primado da matéria sobre o espírito. Com o passar dos tempos, o glifo modificou-se e hoje é constituído por um círculo por baixo de uma seta dirigida para cima e para a direita, indicando a natureza brusca, impetuosa de Marte.
Marte é o regente de Carneiro e o co-regente de Escorpião (Plutão também rege este signo) e por esse motivo tem as duas naturezas: a da afirmação (Carneiro) e a do desejo (Escorpião).
Marte representa as iniciativas que a pessoa tem de realizar para afirmar-se no Mundo e para descobrir quem é. Marte é a arma que o nativo utiliza para atacar e defender-se das situações que não o deixam ser quem ele é e não lhe dão espaço para afirmar-se. Contudo, por ser um planeta pessoal, Marte ainda serve o desejo, a identidade, a personalidade, o ego e fá-lo com uma carga violenta e instintiva (lembremos que este planeta é o co-regente do signo de Escorpião).
Marte é um planeta yang e está associado ao corpo, aos desportos, à guerra. Marte é como um impulso para o exterior, o desejo de experiência e de crescimento através da aventura.
Marte é considerado na astrologia antiga, como um planeta maléfico (Saturno é o maléfico maior e Marte o maléfico menor).


Significado de Urano
Urano rege o signo de Aquário e está em detrimento em Leão. A sua casa tradicional é a Casa XI. Em termos anatómicos está relacionado com o sistema nervoso e circulatório e com as doenças psíquicas.
Urano representa a mente sintética que capta, apreende e compreende as coisas de forma holística e dinâmica. Urano é elétrico, descondicionador e atua quase sempre de forma inesperada. O seu objetivo é romper com as estruturas sociais rígidas e limitativas que não devolvem a liberdade ao nativo.
Podemos comparar o processo Uraniano com o “descascar de uma cebola”, no sentido, em que o nativo para ser livre, para chegar à sua essência, tem que retirar todas as camadas de resistência, bloqueios e medos que acumulou durante a sua vida. O nativo apenas será livre, apenas atingirá o essencial de quem é, quando tiver arrancado todas as camadas da sua cebola existencial.
Urano é esse movimento, é essa transformação e é essa dinâmica de permanente renovação que o Universo ou Ordem Cósmica propõem.


Significado de Urano em aspeto a Marte

A - Urano Natal ligado harmonicamente a Marte
Quando no mapa de um nativo o Marte está bem aspetado a Urano, isso significa que aquele Marte (desejo) já não é escorpiónico (rígido, obsessivo e fixo) pois o Urano imprime-lhe movimento (Urano é elétrico, inesperado). Deste modo, quando a ligação Urano Marte é harmónica (trígono, sextil), o desejo (Marte) flui com o movimento, evolução e transformação (Urano). O nativo já deseja a liberdade e o movimento e ir no sentido do futuro, ou seja, ir ao seu encontro, ir à descoberta de quem é de fato. O Marte torna-se pouco instintivo e o nativo é pouco possessivo, uma vez que já não pode estar confinado às obsessões escorpiónicas. Deste modo, a pessoa já flui acima desses medos pois é fiel ao movimento e à evolução.
Assim como o desejo flui com o movimento, também a capacidade de afirmação do nativo é facilitada. De fato, com o Marte bem aspetado a Urano, o nativo já nasceu com a capacidade para orientar a sua vida de forma a realizar-se plenamente, ou seja, sabe o que fazer e como o fazer da forma mais certa e adequada. São pessoas que em termos práticos, fazem coisas novas e originais. Marte bem ligado ao Urano significa que o nativo “dispara”, avança, de forma livre (de acordo com o que de fato é), uma vez que já conquistou interiormente a capacidade para desejar e afirmar-se, de forma livre e fiel a si próprio. Tendencialmente, o nativo vai desejar coisas que vão no sentido da sua evolução. À partida, sabe como dizer "sim" e como tem que intervir no mundo para chegar a essa dimensão de liberdade que tem que descobrir para ele próprio. Deste modo, o nativo, naturalmente não irá obstaculizar, criar empecilhos, na condução da sua própria vida.
Vai saber dizer "sim" e "não", porque esses "sins" e "nãos" já os conquistou no passado. Vai sempre responder àquilo que sabe que o pode levar mais longe na consciência de si mesmo, do que precisa ser e do que precisa fazer para chegar a esse sentimento de liberdade.
Contudo, nem sempre surgirão, na sua vida, situações de fluência, apesar de ter já conquistado a capacidade parar intervir e desejar coisas de uma forma livre e fluída. Só que quando essas situações de não fluência e de não liberdade aparecerem, o nativo sentir-se-á sufocado e irá fácil e imediatamente dizer "não" à situação que lhe provocou o sufoco. Embora existam poucas hipóteses de uma situação de sufoco ocorrer na vida do nativo, se esta aparecer, ele saberá como cortar com essa situação para dizer "sim" a uma situação nova, diferente e que lhe ampliará um pouco mais a sua consciência de si.
Se, no mapa natal, o aspeto que liga Urano a Marte é o de um “sextil”, o nativo ainda está num nível em que as coisas não fluem tão naturalmente, no entanto, mesmo assim, há uma espécie de oportunidade e uma capacidade natural de dizer "sim" às oportunidades e ir andando. Se o aspeto for o de um “trígono”, haverá maior fluência. Com o trígono, é como se o nativo conduzisse um carro sempre na 5ª velocidade, enquanto no sextil, o conduz e avança, mas na 2ª velocidade.

B - Urano Natal mal aspetado a Marte
Nos aspetos tensionais entre Urano e Marte natais, existe sempre um conflito entre a necessidade fundamental, essencial e urgente da descoberta de quem somos de fato (Urano) e o desejo, instinto e afirmação pessoal (Marte). Nestes casos, o nativo não nasceu com capacidade de orientação, ou seja, o seu Marte não é orientado, e deste modo, não saberá como "disparar" de forma adequada, para chegar onde deseja chegar. Muitas vezes, nem sabe bem onde quer chegar e pode disparar em várias direções e tornar-se agressivo.
O padrão mais frequente é o do nativo ter um enorme desejo de ser livre e, no entanto, não saber como e o que fazer, para sê-lo. A pessoa tem já um desejo de liberdade e de libertação, mas não sabe ainda como viver esse desejo em liberdade.
Este comportamento verifica-se de forma mais acentuada no aspeto de quadratura onde a tensão instalada é a do confronto puro entre a afirmação e o desejo versus a liberdade. Neste caso, o nativo terá tendência para ser rígido, agressivo, rebelde, revoltado e contestatário. “Eu sou como sou e os outros são contra mim ou eu sou contra eles”. “É como eu quero e não aceito o que os outros dizem”.
Este comportamento assenta no fato de o Urano não se encontrar em equilíbrio, resolvido devido a estar tensionalmente ligado a Marte. Para que o Urano se resolva é necessário que esse Marte seja por ele transformado. Enquanto a transformação não for efetuada, o medo e a imaturidade do nativo, fá-lo-ão reagir à liberdade duma forma dura, radical e excessiva e a viver a vida duma forma negativa, dizendo “não” constantemente a todas as situações. No entanto, mesmo que o nativo não tenha capacidade para viver os seus desejos e tomar iniciativas em liberdade, Urano está lá para lhe incutir um forte apelo de libertação, ou seja, a pessoa ainda não sabe como viver o mundo do desejo nem como tomar iniciativas para adquirir liberdade, mas sente uma grande necessidade de a ter, rapidamente e a todo o custo. Marte é naturalmente impulsivo e impaciente e capaz de lutar e de ir para a frente em relação àquilo que deseja ou que acha que, de alguma forma, o fará sentir-se livre. E vai então disparar, mas de uma forma marciana, por mal-estar, sufoco e possivelmente por medo de não se sentir livre ou de vir perder a liberdade. Mas mesmo assim, atira-se para a frente, de qualquer modo.
Marte é impulsivo e impaciente e Urano é elétrico, repentino e dinâmico. Marte e Urano são dois planetas que não têm tempo e que querem o "aqui, agora e já". Deste modo, quando os dois estão ligados entre si, e de forma tensional, haverá necessariamente radicalismo na vivência dos desejos e das atitudes. De fato, Marte ao sentir-se mal perante tudo aquilo que o inibe, prende e atrofia, vai de alguma maneira defender-se dessas situações que o impedem de exprimir o sentimento de liberdade e vai fazê-lo de uma forma muito instintiva, agressiva e pouco consciente. Em vidas passadas, o nativo terá vivido o desejo ou a afirmação de uma forma instintiva, inconsciente, condicionada, e nesta vida, vem com um forte apelo de libertação, de descondicionamento, ao mesmo tempo que transporta um enorme sentimento de revolta contra tudo aquilo que o impediu e agora o impede de ser livre. A transformação deste Marte revoltado e contestatário só será conseguida se o nativo começar a dizer “sim” às novas situações que lhe aparecem apesar de não saber para onde o irão levar. Se assim fizer, Urano vai revelar-lhe e permitir-lhe ter “insights” ou “flashes” que irão expandir um pouco mais a sua consciência. Deste modo, Urano irá transformá-lo e também ficará equilibrado e resolvido.
Uma pessoa com Marte Urano dissonante (sobretudo se se tratar de uma quadratura), quando se sente mal numa situação, começa a sufocar. Se não se liberta da mesma, isto pode dar origem a um estado enorme de tensão interior e de “falta de ar”. Essa tensão, esse sufoco, se não eliminados, podem crescer gradualmente e ocasionar uma explosão interna que se manifestará no exterior, de forma completamente uraniana (súbita e inesperada). O nativo poderá atrair um acidente qualquer (partir uma perna, bater com o carro, cortar-se com uma faca, etc.) ou poderão deixar de funcionar algumas das máquinas com que habitualmente trabalha (carro, impressora, computador, etc.). Marte tem muito a ver com o ferro, metais, máquinas e objetos cortantes e Urano é elétrico, súbito, rápido. Deste modo, os acidentes resultantes da enorme tensão interior gerada, podem se manifestar em torno de máquinas elétricas e objetos cortantes. Ou seja, o nativo atrairá qualquer coisa ou situação, que, de alguma maneira, o faça expelir aquela enorme tensão interior acumulada. Se a pessoa resiste, se continua a dizer “não”, se não se deixa transformar pelo Urano, então, o próprio Urano (leia-se, O Universo, O Cosmos, A “Vida”), como um raio e de forma inesperada, irá provocar-lhe qualquer situação desconfortável para ver se acorda. Urano é radical, não se padece nem se compadece e é como um raio que entra na vida da pessoa e provoca ali uma rutura. E essa rutura é como que um apelo para que o nativo compreenda o que tem que mudar ("Vê se percebes, vê se entendes, vê se compreendes o que te quero dizer").


Ruy Figueiredo

domingo, 22 de outubro de 2017

ASTROLOGIA. URANO VÉNUS (PARTE VII)

HOJE CONTINUAREMOS COM A PROBLEMÁTICA RELACIONAL DOS NATIVOS COM ASPETOS TENSIONAIS DE URANO À VÉNUS


Quando um planeta pessoal ou do ego (Sol, Lua, Mercúrio, Vénus e Marte) está aspetado a um planeta lento (Urano, Netuno e Plutão), o processo de transformação correspondente só ocorre quando tiver sido feito o trabalho interior.
No caso de Urano, esse processo de transformação envolve um trabalho interior de libertação dos diversos condicionalismos que aprisionam o nativo, não o deixam ser livre e não o deixam ir mais longe na descoberta de quem é de fato. Se no mapa do nativo, o Urano estiver tensionalmente ligado à Vénus, vai haver resistência no processo de transformação, o nativo terá tendência para continuar com o mesmo padrão relacional e irá continuar a atrair o mesmo tipo de parceiros, os quais, afinal, possuem caraterísticas relacionais ajustadas ao estado evolutivo do padrão relacional do nativo.
Para estes nativos, os relacionamentos acontecem quando aparece alguém que lhes acorda o sentimento do novo, diferente e excitante. Quando isso acontece, o nativo avança para o relacionamento, mas só porque houve ali qualquer aspeto que lhe "bateu forte". Mas no fundo não avança ainda pelo outro, mas avança porque o outro lhe permitirá saber mais sobre ele próprio.
Urano, regente do signo de Aquário, apela a que venhamos aprender a viver relações de igualdade, liberdade e fraternidade, ou seja, que venhamos viver relações de amor percecionando o outro como um ser igual a nós. No entanto, apesar das pessoas com aspetos tensionais de Vénus a Urano apreciarem a diferença, e sentirem-se atraídas e atraírem, muitas vezes, pessoas de meios sociais diferentes, isso não significa que as sintam como iguais e respeitem a liberdade dessas pessoas. De fato, para perceberem em que é que o outro é igual a elas, é necessário, em primeiro lugar, descobrirem quem são de fato. Quando conseguirem transformar-se e perceber quem de fato são, aí sim, irão respeitar a necessidade do outro também de se descobrir a si próprio.

Existem dois padrões relacionais associados aos maus aspetos de Urano à Vénus. Um deles é o padrão baseado na dependência e o outro, é o baseado na liberdade. Vejamos com um pouco mais de pormenor cada um dos padrões referidos.

PADRÃO RELACIONAL BASEADO NA DEPENDÊNCIA
No padrão baseado na dependência, o nativo irá atrair pessoas mais fracas e irá fomentar a dependência delas em relação a si próprio. Deste modo, o nativo sentir-se-á forte e seguro porque existe alguém fraco por detrás dele. O único senão é que o nativo fica preso. Neste padrão o nativo tem tanto medo de ser ele próprio que vive em função dos valores do outro e não à custa dos seus próprios valores. Evidentemente, que neste caso, deixa de ser livre, no sentido que não consegue perceber quem de fato é. No entanto, o apelo uraniano é muito forte e o indivíduo será forçado a encontrar os próprios valores nesta vida. E a forma utilizada será a via da comparação, ou seja, é através da constatação dos valores dos outros que o nativo começará a perceber quais os valores dos outros com os quais se identifica e aqueles com os quais não se identifica. E seguramente será por isso que estes nativos adoram viver experiências com pessoas com tipos de vida e ideias diferentes. Através da multiplicidade de experiências com pessoas diferentes, começam gradualmente a perceber com o que se identificam e com o que não se identificam, e consequentemente, a saber quem são de fato. Mas para saberem com o que se identificam precisam de experienciar em primeiro lugar a não identificação ou desidentificação, ou seja, a resolução dos conflitos relacionais faz-se através de trabalho interior, sobre as vivências de desidentificação. Estes nativos só saberão o que querem quando souberem o que não querem, ou seja, as pessoas ganham consciência do que querem quando experienciam o que não querem. A pessoa conhece-se muito mais por aquilo que o outro lhe diz que ela não é, do que por aquilo que o outro lhe diz que ela é. Flávia Monsaraz costumava dizer que nós percebemos o que é o amor tendo experiências de desamor, ou seja: Eu sei quem sou por aquilo que o outro não gosta de mim. Eu conheço-me e descubro-me quando a relação está mal e não quando está bem. Quando, numa relação, tudo está e flui bem, não há consciência relacional.
A consciência nasce, de fato, através da sensação de fim, de limite e de dor, sendo o relacionamento uma área humana propícia à experienciação desta sensação. E com o aparecimento da sensação começa a autodescoberta.
E como é feita essa auto descoberta? Como é que um relacionamento diz à pessoa qualquer coisa que ela não sabe sobre ela própria?
A resposta é muito simples e assenta no fato de, no geral, a maior parte das relações, a partir de certa altura, começarem a não devolver ou a não darem qualquer coisa. O nativo começa então a sentir-se mal e começa a perguntar a si próprio se tem ou não alguma responsabilidade no desmoronar relacional. De fato, começamos um relacionamento a querer união, fusão, e passado algum tempo sentimo-nos desunidos, desfusionais, separados do outro. O outro faz-nos sentir que não está connosco e quando tal acontece, vemo-nos obrigados a saber quem é que somos. Quando a pessoa percebe o que é que tem ou não a ver com a situação, então toma consciência de quem é. Enquanto a relação continua e ela se sente satisfeita, ela não irá crescer nas relações. A relação existe para a pessoa se observar como um ser separado e sozinho. Há medida que a pessoa vai percebendo o que tem de perceber sobre si mesma, começa a por ordem em si mesma, ou seja, começa a estruturar-se, deixa de depender ou de ter a expetativa de que o outro esteja na relação para lhe dar qualquer coisa. De fato, o outro não está na relação para dar, mas para mostrar qualquer coisa que a pessoa não sabia sobre ela própria, de modo a poder descobrir-se. Mas primeiro tem que descobrir quem é que não é, que é o que o outro está lá para induzir. É um processo de crescimento, mas por separação. E esta separação leva a quê? Leva a pessoa, em última instância, a não depender do outro. Nós dependemos porque achamos que o outro nos dá coisas que nós sozinhos, não teríamos. Só que em dada altura percebemos que temos é de ir buscar as coisas dentro de nós. O outro está lá apenas para nos ajudar a compreender isso. Quando o outro não me devolve amor é porque eu ainda não sou capaz de o amar. Tenho que perceber o que é que eu tenho que fazer para amar, para depois poder ligar-me e sentir isso. A Flávia diz "Nós não vivemos nada além da nossa evolução"Cada um de nós é que tem que evoluir para depois, a VIDA devolver-nos ao nível evolutivo onde nos encontramos. A VIDA devolve-nos situações muito conflituosas ou estranhas, porque ainda estamos no nível vibratório dessas situações. Se ordenarmos (colocarmos em ordem) a nossa vida, a VIDA irá devolver-nos situações também mais ordenadas.

PADRÃO RELACIONAL BASEADO NA LIBERDADE
Este padrão desenvolve-se sobretudo nos nativos que tendo aspetos tensionais entre Urano e Vénus, também apresentam, no seu mapa, um Urano muito forte. Nestes casos, podem sentir um grande medo de perder a liberdade e esta enorme necessidade de serem livres, de serem eles próprios, fá-los ir buscar relações impossíveis ou a mudar frequentemente de parceiros.
As relações impossíveis enquadram-se perfeitamente neste padrão. De fato, os nativos com aspetos tensionais entre o Urano forte e a Vénus, atraem, de forma inconsciente e por defesa, este tipo de relações que lhes permitem controlar as situações, serem livres e consequentemente poderem descobri que de fato são.
Quando optam por relacionamentos não impossíveis, nunca se entregam e facilmente cortam e partem para outro.
Em ambos os casos, vivem a liberdade pelo exterior. Mas a liberdade proposta por Urano é uma liberdade interior. O indivíduo tem que perceber que se não for livre dentro de si, não haverá nenhum tipo de relação que suporte esta necessidade de ser livre. Para conquistar essa liberdade interior, deverá mergulhar dentro de si próprio para perceber quem exatamente é. Esse processo de mergulho interior necessita que a pessoa passe por uma solidão qualquer que lhe permita descobrir o que é que precisa de introduzir ou modificar na sua vida para que se sinta e seja livre. Enquanto isto não for feito, os nativos com aspetos tensionais entre Urano Vénus e que optam pelo padrão baseado na liberdade, irão fazer o processo no exterior, em vez de o fazer no seu interior, ou seja, vão viver o Urano na horizontal.
No geral, quem vive o Urano na horizontal, passa de relação para relação, ficando em cada uma apenas o tempo durante o qual dura a excitação uraniana provocada pela experiência de algo novo, excitante, que não crie compromissos e não faça perder a liberdade. As relações, deste modo, nunca são profundas e compromissadas, ou seja, são arrítmicas e breves. Neste padrão, todo o relacionamento que em tempos introduzia na pessoa uma dinâmica nova, mais cedo ou mais tarde cai na rotina fazendo com que o nativo comece a sentir que o mesmo já não acrescenta nada à sua individualidade, à necessidade de ser ele mesmo. Quando isso acontece, o nativo pura e simplesmente deixa de estar na relação e corta porque já não precisa daquele relacionamento. De fato, o nativo ia à relação buscar a novidade e a excitação que precisava, mas dum momento para o outro, corta e vai-se embora. O corte é o mecanismo de defesa pois o medo de perder a liberdade pode fazer com que essas pessoas cortem. Deste modo, estes nativos podem estar com um pé-fora e outro pé-dentro, ou seja, estão, mas não estão de fato. E este comportamento radica na necessidade da pessoa não perder a liberdade que ainda é mal vivida. O nativo não consegue ir até ao outro e amá-lo. É que o amar de Vénus pode comprometer a liberdade de Urano. Deste modo, o nativo entra na relação com o Urano ainda mal dimensionado, mal vivido interiormente. O nativo tem medo de ser abandonado, que cortem com ele, e esse medo fá-lo, por exemplo, preferir cortar. Normalmente os cortes são sempre bruscos porque estas pessoas quando se sentem ameaçadas e sentem que o outro pode cortar a relação, preferem ser elas próprias a cortar e cortam de uma forma brusca dando ares de que não se importam com a situação, mas não passa tudo de uma atitude de desapego mental proveniente do próprio Urano. É como se não tivessem emoções. É como um raio que cai de repente e separa as coisas. Esse raio é proveniente da pessoa e resulta do que se passa dentro dela própria.
Estas pessoas vão perceber quem é que são, através da vivência de uma multiplicidade de relações emocionais que vão tendo durante a sua vida. E os outros servem de espelho. E estas pessoas vão perceber quem são e o que querem das relações, tendo experiências de quem não são ou seja do que não querem. Elas vão chegar à compreensão de fato de quem é que têm que ser tendo experiência de quem elas não são de fato. Estes nativos, de alguma forma trazem um trauma qualquer do passado de não saberem viver relações em liberdade, ou seja, possivelmente a sua Vénus foi híper condicionada em vidas passadas. Numa dessas vidas a pessoa não amou devido a um condicionalismo excessivo, talvez de segurança, e nesta vida vem amar, mas de forma defensiva. Mas essa pessoa tem que se libertar de todas as condições e daquilo que a impede de ser livre nos relacionamentos. Por isso é que estas pessoas crescem pelo não. No fundo são livres contra os outros. É como se ainda não pudessem ser livres com os outros e no amor com o outro. E de fato são pessoas que não sabem viver em liberdade com os outros e muitas vezes sofrem com isso porque pode haver um lado delas que deseja relações mais tranquilas e mais estáveis e mesmo assim não as conseguem ter. Estas pessoas respeitam e prezam muito a sua liberdade mas desrespeitam absolutamente a liberdade dos outros. A rigidez de Urano é: "É assim, ponto final no assunto. Tens que me amar como eu preciso, mas eu transformar-me naquilo que tu precisas já é complicado". Há uma intransigência, uma inflexibilidade: "Eu não mudo". É por isso que as pessoas não sabem estar com os outros, não sabem cooperar. E como não sabem cooperar e já têm medo do tal corte ou rejeição, muitas vezes entram a matar nas relações com os outros porque já estão à defesa. "Não penses que vou ceder". Têm medo de perder a liberdade, têm medo de amar, de alguma forma. Essas pessoas queixam-se de não conseguirem ter relações estáveis, mas inconscientemente, por projeção e por medo, atraem relações com pessoas que não conseguem amá-las, por serem casadas, por serem muito mais novas, por terem problemas de homossexualidade ou por um outro qualquer paradigma que as impede de lá estarem. Só que depois queixam-se e não percebem que o vírus está dentro delas e que o outro não é mais nada do que o espelho da incapacidade delas de se ligarem a eles.


Ruy Figueiredo


terça-feira, 26 de setembro de 2017

ASTROLOGIA. URANO VÉNUS (PARTE VI)

 Hoje apresentaremos as caraterísticas dos 

indivíduos que nasceram com o Urano ligado a 

Vénus 

Caraterísticas de Vénus
Vénus é considerado em astrologia um planeta benéfico (Júpiter é o benéfico maior e Vénus o benéfico menor). Deste modo, Vénus traz benefícios aos outros planetas em que toca, sobretudo quando essa ligação é harmónica. Este planeta rege os signos de Touro e Balança. Como regente do signo Touro, Vénus reflete os aspetos ligados ao amor físico e à posse de bens materiais. Como regente do signo de Balança, Vénus está associada aos aspetos éticos, estéticos e relacionais da vida.

De uma forma geral, Vénus reflete os seguintes comportamentos da vida humana:
a)       Como regente do signo de Touro
paixão, sexualidade, sensualidade, prazeres da vida, dinheiro, bens materiais
b)       Como regente de Balança
relacionamentos, amor, ternura, afeto, poder de atração, união, partilha, fraternidade, amizade, solidariedade, sociabilidade, afinidade, paz, suavidade, delicadeza, harmonia, equilíbrio, alegria, charme, encanto, sedução, beleza, sentido estético, talento artístico, intimidade, jovialidade.

No entanto, quando no mapa do nativo, Vénus se encontra em tensão, os comportamentos enunciados podem adquirir uma tonalidade menos positiva e muitas vezes o nativo apresentará uma personalidade baseada no ciúme, inveja, libertinagem, infidelidade, luxúria, superficialidade, vaidade, preguiça e indecisão.

Vénus governa em termos gerais, o dinheiro, os bens materiais, a estética e os relacionamentos. Como os relacionamentos representam um aspeto muito importante da vida do ser humano valerá a pena aprofundarmos um pouco mais a influência de Vénus neste campo. Ora Vénus tem muito a ver com a valorização e identificação. No geral, aquilo que valorizamos é aquilo com o que nos identificamos. No geral, o ser humano sente-se atraído por alguém que valoriza e com o qual encontra identificação. Quando essa identificação aparece, consciente ou inconsciente, algo vai ressoar dentro de nós e do outro e fará disparar a necessidade relacional.
Deste modo, Vénus tem muito a ver com os relacionamentos. 
Mas se, por vezes, a identificação faz o relacionamento acontecer porque é que, em grande parte dos casos, não o faz perdurar no tempo, para sempre?
É que o principal problema das relações assenta ou reside no fato de numa primeira fase, por projeção, o ser humano transferir para cima do outro uma qualidade que ele não tem. Passado algum tempo, quando a paixão acaba, a projeção cai e o outro emerge (aparece) como de fato é. De repente estamos perante alguém que não é o que queríamos que fosse, afinal com quem não nos identificamos totalmente. No entanto, fomos nós que colocámos no outro determinada(s) qualidade(s) que não existiam. A partir desse desvelamento, dessa tomada de consciência, das duas uma, ou começa o amor (porque aceitamos o outro tal como ele é, apesar de não ser como queríamos) ou termina a relação (porque a desilusão pode ser tão forte que nos impede de amar o outro).
Quando uma relação estagna, em vez de abandonar logo o outro, devemos, durante um certo tempo, tentar mudarmo-nos interiormente e criar uma dinâmica que renove a relação. Primeiro a pessoa deve mudar-se a si mesma. Se o outro não muda, tendo a pessoa mudado, e se essa mudança de fato não introduziu uma dinâmica nova na relação, então as coisas têm outro tempo e se calhar haverá que cortar. E não faz sentido, exigir ao outro que mude também, que é o que as pessoas passam a vida a fazer. A primeira resposta deve ser eu mudar-me a mim mesmo. Depois logo se vê se o fato de a pessoa ter mudado, muda ou não a relação. E se a relação não mudou, então passado um tempo, em vez de se exigir que o outro mude, em vez de estar em cima do outro, que é uma perda de energia e uma ilusão porque ninguém muda ninguém, a pessoa pura e simplesmente abandona. Mas isso só se deve fazer depois de a pessoa ter ela própria feito o processo.

Significado de Urano
Urano rege o signo de Aquário e está em detrimento em Leão. A sua casa tradicional é a Casa XI. Em termos anatómicos está relacionado com o sistema nervoso e circulatório e com as doenças psíquicas. Urano representa a mente sintética que capta, apreende e compreende as coisas de forma holística e dinâmica. Urano é elétrico, descondicionador e atua quase sempre de forma inesperada. O seu objetivo é romper com as estruturas sociais rígidas e limitativas que não devolvem liberdade ao nativo. Podemos comparar o processo Uraniano com o “descascar de uma cebola”, no sentido, que o nativo para ser livre, para chegar à sua essência, tem que retirar todas as camadas de resistência, bloqueios e medos que acumulou durante a sua vida. O nativo apenas será livre, apenas atingirá o essencial de quem é, quando tiver arrancado todas as camadas da sua cebola existencial.
Urano é esse movimento, é essa transformação e é essa dinâmica de permanente renovação que o Universo ou Ordem Cósmica propõem.

Significado de Urano em aspeto a Vénus

A - Urano Natal ligado harmonicamente à Vénus
Vénus representa o nosso potencial amoroso, o nosso potencial de dádiva ao mundo e de troca com o outro, o nosso potencial de complementaridade.
Quando Urano está bem ligado à Vénus, o nativo já adquiriu em vidas passadas, grande parte da sabedoria de amar em liberdade. Deste modo, nesta vida, só consegue amar, se for sem dependências, ou seja, só pode viver relações que não lhe roubem espaço, para que possa dizer "sim" às experiências que tem que viver e que lhe permitirão descobrir quem é de fato. Para este nativo, tem que haver uma dinâmica nas relações que não interfira na dinâmica da auto descoberta pessoal. O nativo durante a sua vida apenas atrairá situações onde a sua liberdade não seja posta em causa. Mesmo em situações onde possam existir tentativas de cercear essa liberdade, o nativo fácil e naturalmente as contornará, não se deixando aprisionar. Com Urano bem ligado à Vénus, o nativo já sabe como encontrar o equilíbrio entre a necessidade de ser ele próprio e a necessidade de ter relacionamentos. Estas pessoas não só precisam de ter relacionamentos que não lhes roubem a liberdade, que não os impeçam de viver a vida que acham e sentem que têm que viver, como só irão procurar (atrair) relacionamentos com pessoas que também introduzam qualquer mudança nas suas vidas para que possam evoluir. Estes nativos já sabem como criar uma dinâmica entre a necessidade de serem eles próprios e a necessidade de terem relações, de se identificarem, gostarem e amarem os outros. E como esta sabedoria de vida já foi conquistada e já está resolvida internamente, em princípio, irão atrair situações relacionais em que a falta de liberdade não irá surgir, mas que, antes pelo contrário, proporcionarão e estimularão a necessidade de serem eles próprios, de responderem à vida de forma a descobrirem quem são e de irem mais longe na sua auto descoberta. Estes nativos já não são possessivos. Dão espaço ao outro para que possa ser ele próprio porque também querem ser eles próprios. É muito frequente estes nativos procurarem ou atraírem, pessoas uranianas, originais que os estimulem para coisas novas e que lhes deem movimento à vida. Não suportam o que é convencional, conservador, estático e saturnino. Com este aspeto, o nativo já conquistou no seu passado o saber amar em liberdade e isso é uma qualidade que ganhou para a eternidade.

B -Urano Natal ligado tensionalmente a Vénus
Se o aspeto de ligação entre Urano e Vénus natal é tensional isto significa que o nativo noutras vidas terá experienciado a função psicológica associada a Vénus, de uma forma condicionada, ou seja, o nativo, noutras vidas, terá vivido, excessivamente dependente, por exemplo, de uma relação afetiva e por esse fato, não terá feito o processo ou trabalho de individuação que tinha que fazer na área relacional e não conseguiu “ser” quem de fato era nesse campo. Nesta vida, vem então, com a memória do estrangulamento sentido e vivido e essa memória impele-o, de forma inconsciente, a rejeitar a maneira como viveu os relacionamentos no passado.

B.1 - Urano em quadratura à Vénus
Neste caso as energias destes dois planetas estão em guerra entre si. O apelo de liberdade (Urano) que o nativo sente não está em sintonia com a sua necessidade de relacionamento (Vénus). Como o nativo não sabe viver esta tensão, como não sabe ainda viver a Vénus sem sufoco, falta de ar e medo, então, numa primeira fase de vida, irá contestar, escandalizar e tornar-se um rebelde no campo relacional. Ou seja, irá negá-lo, recusá-lo e não se entregar á dado que tem medo de perder a liberdade e de voltar a ficar condicionado. De fato, Vénus ouve o apelo de liberdade, mas ouve-o de forma desafinada, ouve-o sem ainda saber de que lado está a liberdade. Só contesta quem ainda não é livre, quem, apesar de querer a liberdade, ainda não sabe de que lado ela se encontra. Deste modo, como não sabe viver as relações em liberdade, terá tendência para atrair ou criar experiências relacionais que por um lado lhe darão amor, mas que por outro, o farão perder a liberdade. Sendo assim, mais cedo ou mais tarde, vai sentir sufoco, falta de ar e então aí radicaliza e corta por mal estar.
Quem apresenta Urano em quadratura à Vénus no mapa natal, irá cercear a liberdade dos outros mas não permitirá que cerceiem a sua. Será um contestatário relacional.

B.2 - Urano Vénus em oposição
Na oposição, o nativo sente-se dividido entre o apelo de liberdade e o apelo relacional. No entanto, este aspeto não é tão tenso como o da quadratura. De fato, enquanto na quadratura há guerra, contestação e arrogância, na oposição há divisão, instabilidade emocional e incapacidade de integração das energias de Urano e Vénus. Na oposição quando a pessoa se relaciona tende a cair na rotina ou na dependência relacional, perdendo a liberdade, e quando tem liberdade, tem tendência a evitar os relacionamentos.

B.3 - Urano Vénus em conjunção
Quando no mapa natal, Urano está conjunto à Vénus, as energias destes dois planetas fundem-se numa só. Como Urano é súbito, inesperado e acelerado, quando está conjunto à Vénus, dá pessoas fortemente excitáveis no campo relacional com tendência para procurar sempre algo diferente e estimulante que lhes proporcione um maior conhecimento delas próprias.

Ruy Figueiredo

quinta-feira, 27 de abril de 2017

ASTROLOGIA. URANO MERCÚRIO (PARTE V)

Hoje apresentaremos as caraterísticas dos indivíduos que nasceram com o Urano ligado a Mercúrio


Mercúrio e a Mitologia
Mercúrio ou Hermes era um dos filhos de Zeus. Era o patrono dos comerciantes, o mensageiro dos deuses e tinha asas nos pés devido à sua elevada mobilidade. Mercúrio conferiu ao homem a linguagem e a capacidade de aprender e comunicar.

Mercúrio e a Anatomia
Mercúrio governa o sistema nervoso e respiratório e ainda os órgãos da fala e da audição.

Mercúrio e a Casa III
A casa tradicional de Mercúrio é a Casa III que tem a ver com as pequenas viagens, com o ambiente envolvente, com os familiares próximos (irmãos, tios), com a comunicação, ensino, aprendizagem e com um sem número de fatos e dados que a pessoa vai recolhendo durante a sua vida, para entender a realidade do mundo físico

Caraterísticas de Mercúrio
Mercúrio rege os signos de Gémeos e Virgem. Exalta-se em Virgem, exila-se (está em detrimento) em Sagitário e está em queda no signo de Peixes.
Mercúrio está relacionado com a mente racional, analítica, lógica, dedutiva, científica e linear que aprende sempre qualquer coisa em cada experiência e que ao analisar e racionalizar tudo o que vai aprendendo, consegue fazer pontes e ligações lógicas entre as coisas que vai experienciando. Deste modo, vai percebendo a realidade envolvente (o mundo do quotidiano, o mundo físico, o mundo concreto).
Mercúrio representa a capacidade mental de ir buscar informações que organizem logicamente o mundo, ou seja, representa a capacidade de aprender, nomear e classificar a realidade, para a entender. Mercúrio organiza a realidade envolvente através do processo mental, para ao mesmo tempo, compreender o mundo físico. Mas Mercúrio não só aprende como também transmite o que aprende, e deste modo, é também um mensageiro dos conhecimentos adquiridos. Como se constata, Mercúrio, está relacionado com a comunicação (ouvida, falada e escrita), com a informação (fatos, dados), com o ensino, com o comércio, com os órgãos de comunicação social, com as telecomunicações, estradas, transportes, e internet.

Significado de Urano
Urano rege o signo de Aquário e está em detrimento em Leão. A sua casa tradicional é a Casa XI. Em termos anatómicos está relacionado com o sistema nervoso e circulatório e com as doenças psíquicas.
Urano representa a mente sintética que capta, apreende e compreende as coisas de forma holística e dinâmica. Urano é elétrico, descondicionador e atua quase sempre de forma inesperada. O seu objetivo é romper com as estruturas sociais rígidas e limitativas que não devolvem liberdade ao nativo. Podemos comparar o processo Uraniano com o “descascar de uma cebola”, no sentido, que o nativo para ser livre, para chegar à sua essência, tem que retirar todas as camadas de resistência, bloqueios e medos que acumulou durante a sua vida. O nativo apenas será livre, apenas atingirá o essencial de quem é, quando tiver arrancado todas as camadas da sua "cebola existencial".


Significado de Urano em aspeto a Mercúrio
Mercúrio é um planeta pessoal e portanto serve a personalidade. A mente mercuriana (inferior, concreta, analítica, dedutiva, lógica, racional, científica e linear) vai servir a personalidade através da inteligência e do controlo que tem sobre o conhecimento das coisas. E tudo isto para afirmar o ego.
Urano é um planeta não pessoal, transcendente, transpessoal e portanto não está ao serviço da personalidade. Urano serve a alma, serve o Universo.
Quando Urano no mapa natal está aspetado a Mercúrio, as duas mentes encontram-se ligadas (a mente inferior e lógica mercuriana e a mente superior, divina, criativa, intuitiva e holística uraniana).
Obviamente que os efeitos dependerão do tipo de aspetos com os quais estes dois planetas estão ligados entre si.


Urano Natal ligado harmonicamente a Mercúrio
Quando Urano está bem ligado a Mercúrio (trígono ou sextil) temos o equilíbrio entre as duas mentes, ou seja, a mente inferior e a mente superior funcionam de forma harmónica, fluida e equilibrada. Por um lado existe um grande sentido do real, do concreto (Mercúrio) e por outro, existe uma grande intuição (Urano).
As pessoas com Mercúrio bem ligado a Urano têm uma enorme capacidade intuitiva. É como se elas próprias fossem uma antena que lhes permite receberem pensamentos vindos “lá de cima” e perceberem as coisas por "flash". Em vidas passadas, estas pessoas já adquiriram a capacidade de terem a sua mente inferior ao serviço da mente superior. Estas pessoas já nascem para esta vida com a noção da necessidade de se individualizarem, de serem livres, no plano mental. Estes nativos vão procurar e encontrar uma maneira de pensar que sirva a sua evolução e o paradigma de quem são.
Sendo assim, estes indivíduos, já só podem ter pensamentos próprios e portanto não irão pactuar com outro tipo de pensamentos que possam dar jeito aos outros. A maneira de pensar e as suas ideias já têm o apelo de liberdade. Nesse sentido vão abraçar tudo o que seja dinâmico e novo.


Urano Natal ligado de forma tensional a Mercúrio
Urano mal ligado a Mercúrio (quadratura, oposição ou conjunção) dá pessoas agressivas, radicais que intuem a verdade mas ainda de uma forma muito egocentrada. É como elas acham, como elas sabem e mais ninguém tem razão e portanto são pessoas com quem não se pode conversar, com quem não se pode discutir nada, porque elas usam aquele radicalismo de Urano para contestar tudo. Deste modo irão exagerar, radicalizando a sua maneira de pensar e criando muitas vezes situações de choque. Vão ter ideias radicais, diferentes e chocantes e não irão aceitar o que os outros pensam.
No geral, os nativos que apresentam Urano tensionalmente ligado a Mercúrio sofrem de alguma ansiedade, impaciência, nervosismo e aceleração, não sabendo quando devem falar nem quando devem ficar calados. Falam muito e depressa, estão constantemente a interromper e podem experimentar alguma dificuldade na expressão verbal. “Apanham” e “captam” coisas, a uma velocidade incrível com a sua mente superior (Urano) mas como há tensão, a sua mente inferior (Mercúrio) não consegue processar naturalmente.
Vulgarmente estes nativos não têm paciência nenhuma para métodos de aprendizagem tradicionais pois não têm capacidade de concentração, se o assunto não for interessante ou estimulante.
Possivelmente um mau aspeto de Urano Mercúrio, representa uma pessoa muito presa mentalmente ao passado, condicionada e com esquemas muito rígidos. Se calhar identificou-se excessivamente com um determinado tipo de pensamento e a forma como o viveu, não serviu a sua evolução. E então, nesta vida, vem com um sufoco e falta de ar e não se identifica de maneira nenhuma, com o pensar dos outros, mas também não sabe qual é a maneira de pensar que lhe convém. Vira individualista e radical e pode ser teimoso. É pela negação que afirma a sua liberdade, o que é um contrassenso.
De fato, Urano só é livre quando se entrega à VIDA. Contudo, num aspeto tensional, não consegue entregar-se e portanto não consegue ser livre. Será então do contra, no plano mental.
O nativo tem que compreender que a sua maneira de pensar e o tipo de análise que faz não lhe devolvem a liberdade. O nativo terá que compreender que tem que deixar de controlar mentalmente e passar desta necessidade de controlar através da mente inferior para a capacidade de compreender e de intuir as coisas na sua totalidade e globalidade. Enquanto não mudar vai haver uma disfuncionalidade mental e surgirão situações onde o nativo vai sentir que patina, que não percebe e que não consegue agarrar. No fundo o nativo deverá perceber que enquanto desejar ter poder e controlar as coisas pela mente, não será livre mentalmente.

Ruy Figueiredo