domingo, 3 de maio de 2015

TAROT. ARCANOS MENORES - OS CINCOS

HOJE IREMOS ABORDAR OS ARCANOS MENORES DE NÚMERO 5





OS ARCANOS MENORES CINCO
a)    O "5" representa a liberdade de pensamento, de escolha, de agir, o livre arbítrio, a criatividade, a planificação mental, os cinco sentidos, a autoconsciência, a autoexpressão;
b)            O "5" é o número da experiência individual e da descoberta da individualização;
c)          O "5" representa um apelo à transcendência (o homem tenta alinhar a sua consciência ao seu eu superior);
d)            As pessoas do "5" são livres, independentes, curiosas, espontâneas, adoram mudanças;
e)            Poder-se-á então dizer que a tónica básica do "5" é a mudança;
f)             Os arcanos menores "V" trazem a tónica do nº "5", no que se refere ao movimento, ação, experiência, criatividade e transformação;
g)          Na carta do PAPA ou HIEROFANTE vemos um postura estática do Sacerdote Supremo. Como é que isso é compatível com a agilidade e hiperatividade do nº "5"? Pois bem o Papa é aquele que ensina e guia através da concessão de conhecimento (através da comunicação que constitui um dos traços mais proeminentes do número 5. O Hierofante é o mestre, o guru, cuja função principal é manter vivo o conhecimento de sua doutrina, exatamente passando-o aos novos iniciados);
h)    "O número "5" introduz ideias de tempo e movimento que desordenam o sistema estabelecido no Quatro, rompendo os seus limites e possibilitando a evolução do sistema. Nesse sentido, o Cinco não só anarquiza e subverte o status quo, mas também permite que novos objetivos criativos sejam contemplados." (Veet Pramad em Curso de Tarot e o seu uso Terapêutico).


O 5 DE PAUSA
a)            Nesta carta os adolescentes representam a força juvenil, portanto embrutecida e intensa, mas pouco focada (jovialidade, infantilidade, inconsequência, falta de tato, desordem, anarquia, falta de organização, falta de foco e de propósito). Parece que apenas estão brincando e se divertindo. A força aplicada sem foco é gasta por haver em excesso (competitividade saudável, jogos, competição no trabalho). Cada adolescente quer mostrar que é o mais forte, o mais esperto, o mais capaz. Portanto nesta carta vemos uma competição saudável para ver quem é o melhor, quem tem mais recursos, mais capacidades;
b)       Nesta carta nada é sério pois é tudo algo simulado e lúdico. É tipo briga de crianças. A fronteira entre a brincadeira e a agressão é muito ténue;
c)            A desordem que aqui reina recebe um fim na carta seguinte (VI de Paus) onde o nobre cavaleiro impõe a ordem. Os cinco adolescentes na carta 6 de Paus têm agora alguém a quem obedecer e seguir. A energia deles é canalizada para um fim específico (já não é desfocada);
d)            Esta carta representa um teste de capacidades para ver quem se sobressai;
e)          Esta carta pode indicar que a pessoa está a questionar os seus objetivos ou que é um lutador compulsivo;
f)             Esta carta indica que existem sinais de luta, desavenças internas e externas que tornarão imprevisível o resultado final. Esta carta pode sugerir que a pessoa deva partir para a luta (luta espiritual interna, luta com alguém ou contra algum acontecimento externo);
g)            Se esta carta aparece numa pergunta sobre o trabalho, significa que o consulente terá de mostrar as suas capacidades. Se aparecer esta carta numa pergunta afetiva, o consulente terá também que mostrar as capacidades se estiver a competir com alguém;
         

O 5 DE ESPADAS
a)            Esta carta representa um conflito, perda ou derrota. A derrota afetará tanto o vencedor (que será derrotado a longo prazo) como o vencido. É uma vitória sem honra;
b)            Segundo Veet Pramad as 5 espadas poderão ser denominadas de: Crítica, Inveja, Intriga, Ciúmes e Vingança;
c)            A figura principal está a rir-se e a apanhar as espadas dum duelo. Ela está distanciada das emoções, enquanto as outras duas estão a viver as emoções;
d)            A figura principal não se identifica com as disputas emocionais pois sabe que não levam a lado nenhum e trazem mais dor;
e)    Recordemos que o 4 de Espadas representa o luto ou a tentativa de apaziguamento emocional. Se esse luto for feito, se houver tranquilidade emocional, a pessoa pode distanciar-se das emoções futuras, se o luto for mal feito, a pessoa irá novamente envolver-se em conflitos emocionais;
f)           Se num, relacionamento discutirmos para ver quem tem razão, haverá sempre esse duelo, haverá sempre o vencido (junto ao mar a chorar) e o vencedor (o que pega no casaco, para se ir embora);
g)            A carta representa que o consulente está numa das duas posturas (envolvido ou desapegado das emoções). Se envolvido, temos a mente destrutiva, mentirosa, invejosa, degradada e traiçoeira. Se desapegado, temos a mente reorganizada.



O 5 DE OUROS
a)            Enquanto no 4 de Ouros vemos opulência material, nesta carta observamos dois pedintes a passar pela porta duma igreja e que nela não entram para pedir ajuda. Estes pedintes representam "os orgulhosamente sós";
b)      Se no 4 de Ouros a pessoa está muito agarrado ao dinheiro, à matéria, ou seja, se for avarento, poderá atrair o Cinco de Ouros (dificuldades e privações). Se essa pessoa, com o dinheiro que possui, promover a melhoria social, seguramente vai ter um maior desenvolvimento espiritual;
c)            Esta carta passa uma mensagem de cunho social e profundamente filosófica também. Num nível imediato, a imagem dessa carta denuncia as mazelas da nossa sociedade, com seus contrastes. Num nível mais profundo, contempla a própria condição humana. Essa carta mostra uma condição marginal – do lado de fora, os mendigos, leprosos, sem rumo na neve do inverno – são os danados da sociedade. Do outro lado, do qual só podemos ter uma vaga sugestão pelo vitral, o interior quente, confortável e ricamente ornado da catedral – a Igreja, dona da mentalidade vigente, do establishment. Na carta, temos, muito levemente, esse contraste delineado;
d)            Esta carta passa também uma mensagem espiritual. Tudo se centra na janela. A janela é também um símbolo de passagem, e marca o contato limitado entre dois mundos, entre dois estados de ser. Aqui, ela é uma ligação entre a realidade hostil do mundo humano, e a graça e glória do mundo espiritual, do qual só temos um mero vislumbre através das cores do vitral. (longe do Espírito, todos não somos nada além de carne ambulante e perecível às intempéries);
e)            Na carta os mendigos são um casal e parece indicar que mesmo sob a miséria total, não se separam. Em leituras sobre amor, esta carta poderá ser interpretada como o casal passando por dificuldades que testam sua união;
f)             Se prestarem atenção ao mendigo verão que traz um sino ao pescoço. Esse é um antigo sinal de lepra – leprosos costumavam ter sinos no pescoço para que as pessoas soubessem facilmente quando eles se aproximavam e, assim, saíssem de perto. Os curativos na cabeça e no pé direito do homem confirmam isso. Mais uma vez, a temática da intensa exclusão social.


O 5 DE COPAS
a)         O Cinco de Copas é provavelmente uma das cartas mais incômodas do Tarot. Sua atmosfera depressiva é eloquente e fala por si só. De fato, no geral sinaliza tristeza, perdas, depressão e luto. Esta carta é nostálgica. Representa uma certa saudade. Tem a ver com o fado. A personagem está num luto afetivo;
b)    No Cinco de Copas, a passividade do naipe (copas = sentimentos, emoções, etc.) é perturbada pela agressividade do número 5. A energia 5 muitas vezes pode manifestar-se na forma de catástrofes e acidentes, trazendo a mudança de forma súbita e irreversível. Assim, da combinação entre as Copas e o 5, sonhos e fantasias se desmoronam, laços são desfeitos e sentimentos são magoados. No entanto, aspecto de expansão consciencional do número 5 sugere que tais desilusões fazem parte do processo de aprendizado, onde nos desfazemos de laços antigos em nome de um conhecimento mais amplo sobre as coisas;
c)       Nesta carta, o céu cinza sugere tristeza, apatia e confusão mental. Dias nublados e chuvosos geralmente são vistos como tristes, depressivos e nostálgicos;
d)            Nesta carta, o chão árido (nenhuma planta, pedra, ou qualquer coisa que seja) confere à carta um aspecto desolado, sem vida. Estendendo-se por quase toda a área da carta, dá a ideia de um deserto – solidão e desamparo. A água que cai das três taças é absorvida pela terra infértil do chão e provavelmente não vai frutificar em nada. São lágrimas na areia;
e)            Nesta carta, o personagem está cercado por um ambiente árido, cinza e morto. Esse ambiente metaforiza o estado emocional do personagem. De costas, coberto por uma simples capa negra, numa postura reta e com os ombros encolhidos, ele olha insistentemente para as três taças caídas na sua frente. No Tarot, geralmente figuras de costas para o observador indicam isolamento, retirada. Sua capa negra pode representar luto; sua postura enrijecida, com os ombros encolhidos, sugere estagnação e extrema tensão. Os ombros encolhidos e voltados para dentro denotam também introversão e vulnerabilidade (encolhemos nossos ombros quando nos sentimos fragilizados, ou quando nos sentimos ameaçados);
f)    Nesta carta, as 3 taças caídas representam problemas emocionais do passado. A personagem está a olhar para as três taças caídas (passado) embora as que estão em pé significam que a vida continua e que há a promessa duma nova vida afetiva. A personagem tem saudades do que já viveu e está nostálgica em relação à perda amorosa que sofreu. Já viveu a dor pela perda mas ainda continua a olhar para o passado. Esta carta significa que a pessoa sofreu um corte afetivo (porque o outro a deixou, porque morreu, ou porque o outro ou ela aceitaram a taça da carta 4 de copas). A personagem sente pena por isso ter acontecido. Enquanto ela olhar para o passado, enquanto estiver centrada na dor emocional do passado, ela não olhará para o futuro.
g)            A pessoa sente baixa auto estima, não se valoriza nem se respeita. A pessoa tem que aceitar morrer (esquecer o passado) para renascer para uma nova postura;
h)            O 5 de Copas vem abalar a calma do 4 de Copas. O "5" é movimento, mudança, transformação. Se a pessoa no 4 estava calma porque estava indefinido, então o "5" vem acordá-lo;
i)              Nesta carta pode-se ver um rio. O rio tem um papel especial nessa carta. Ele aparece em diversas cartas do Waite-Smith, e sempre sinaliza uma mudança significativa;
j)              Nesta carta pode-se ver uma ponte. A ponte (segundo o site Dictionary of Symbolism) "é inerentemente simbólica de comunicação e união, seja entre o céu e a terra, ou entre dois reinos distintos. (…) é o final de um ciclo e o começo de outro. Em muitas culturas, a ponte é o limite entre o que pode ser visto e o que está além da percepção, ou ao menos uma mudança, ou desejo de mudança”. No Cinco de Copas, a ponte é o elo que une os dois estados de ser; ela representa o recurso de trasição entre a depressão e a recuperação;
k)            Nesta carta pode-se ver um castelo/fortaleza que representa basicamente proteção, conforto e segurança. No contexto da carta, ele representa o lugar de reabilitação, o lugar seguro onde o personagem vai recuperar-se das feridas que arranjou no meio do seu caminho. Observe como o castelo é cercado por árvores e relva. Em contraste com a terra seca que predomina na carta, o castelo do Cinco de Copas é como um oásis de vida;
l)      Em síntese, esta carta mais do que simplesmente indicar tristeza, traz uma mensagem inerente de recuperação e superação. Cedo ou tarde, o personagem da carta vai dar-se conta de que não adianta mais chorar.


Ruy Figueiredo