terça-feira, 13 de dezembro de 2022

ASTROLOGIA. MARTE NA CASA VIII (PARTE XIII)

HOJE FALAREMOS SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DOS NATIVOS COM MARTE NATAL LOCALIZADO NA CASA VIII

Significado da Casa VIII

A Casa VIII é uma casa de memórias ligadas ao passado. É a casa do signo de Escorpião. É uma casa da água psíquica, abissal e profunda. Como se trata de uma casa cármica (como as casas IV e XII), nela ficam facilmente armazenadas as memórias dos medos e de inseguranças que trazemos de outras vidas. A casa VIII tradicionalmente é a casa das perdas, mortes psíquicas e também da morte física.

Enquanto a Casa II é uma casa pessoal, de terra e tem a ver com “O Meu”, com os valores próprios, com o signo de Touro e com o planeta Vénus, a Casa VIII é uma casa coletiva (social), de água e tem a ver com “O Teu/O Nosso”, com os valores dos outros, com o Signo de Escorpião e com os planetas Marte e Plutão.

Casa II (pessoal) versus Casa VIII (social)

A Casa II é uma casa pessoal logo visa a expansão consciencial do nativo através de si próprio enquanto a Casa VIII é uma casa coletiva pois visa a expansão consciencial do nativo através do outro (dos valores do outro).

Casa II (do elemento terra) versus Casa VIII (do elemento água)

A Casa II, por ser uma casa de terra, representa uma área de vida ligada ao mundo concreto e prático. Nesta casa, o nativo vive obcecado com a necessidade de segurança material que por sua vez lhe irá devolver segurança emocional. Deste modo, o nativo quer a todo o custo ter estabilidade, paz e harmonia, não gosta de mudanças, não se deixa transformar (é teimoso) e vive dependente da necessidade de possuir.

Já a Casa VIII, sendo uma casa de água, representa uma área de vida focada nos sentimentos, memórias, emoções e instintos.

Existem três casas de água. A Casa IV é a primeira casa de água e representa as águas do Caranguejo que têm a ver com a nossa herança em termos genéticos, hereditários, psicológicos, educacionais, emocionais e com a nossa maior ou menor capacidade para nos sentirmos alimentados e felizes em função desse “património” herdado. A Casa IV representa então as águas onde nos banhámos, vivemos e fomos nutridos na nossa infância. Nesta casa, o nativo sentir-se-á seguro emocionalmente se tiver sido adequadamente alimentado em termos emocionais.

A Casa VIII é a segunda casa de água e representa as águas abissais, profundas, instintivas, inconscientes, animais, irracionais, obsessivas, primárias, egocêntricas, separatistas, violentas, psíquicas e cármicas do Escorpião. Nesta casa, o nativo sentir-se-á seguro emocionalmente se conseguir satisfazer os seus desejos mais recônditos e profundos e se conseguir satisfazer o seu instinto inconsciente de sobrevivência à vida.

A Casa XII é a terceira casa de água e já tem a ver com as águas do oceano cósmico às quais nos devemos render e entregar. Essa entrega do nosso ser à “VIDA” apenas será conseguida quando naturalmente confiarmos nela e acreditarmos que sempre cuidará de nós e nos levará para onde temos de ir. Só consegue nadar nas águas deste oceano cósmico, aqueles que naturalmente se rendem e se entregam à “VIDA”, submetendo-se à sua vontade. São pessoas para quem as referências biológicas da Casa IV perderam sentido ("Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?" disse Jesus) e para quem os instintos, os medos e as inseguranças da Casa VIII, foram superados.

Como reparamos, enquanto na Casa II, o nativo não se deixa transformar e atrai estabilidade, calma, tranquilidade e harmonia através das coisas que vai obtendo no mundo concreto, na Casa VIII, o nativo é impelido a transformar-se, superando os impulsos incontroláveis que experiencia face às diversas situações de perda que seguramente irá atrair. Nesta casa, o nativo atrai situações de perda porque no fundo deseja mais do que necessita e porque coloca na satisfação dos seus desejos, uma intensa carga instintiva e psicológica, ou seja, deseja as coisas e as pessoas a todo o custo e não pode sequer pensar na hipótese de não as ter ou de as perder. É mais forte do que ele, é visceral, é instintivo, é irracional. Deste modo, vive interiormente agitado, intranquilo. De facto, o nativo explode, sempre que um desejo intenso e inconsciente não é satisfeito. O que a “VIDA” pretende é que esse nativo morra para esse desejo, ou seja, que não fique dele dependente e que perca toda a carga instintiva com que o alimenta. Mais cedo ou mais tarde, após diversas experiências de perda, o nativo terá conseguido transformar-se e a sua intranquilidade desaparecerá pois terá apaziguado as suas águas instintivas e animais que não o deixavam evoluir e que lhe davam instabilidade e intranquilidade.

A proposta desta casa é sermos capazes de perder gradualmente a carga instintiva de sobrevivência que habita dentro de nós e que herdámos e transportámos de outras vidas em resultado dos medos e inseguranças que desenvolvemos como reação a diversas situações que experienciamos e que nos puseram à prova. Nesse sentido, a Casa VIII é a casa das várias mortes psíquicas bem como também, da morte física. As mortes psíquicas permitem a alteração do estado de consciência no que se refere à aceitação da não satisfação do desejo. Não quer dizer que se abdique do desejo. O que é crucial é conseguir desejar sem cargas instintivas. Deste modo, a Casa VIII é uma verdadeira casa de iniciação, renascimento, pois representa a área de vida onde o nativo se pode regenerar, transformar, alquimizar, renascer.

Casa II (“O Meu”) versus Casa VIII (“O Teu/ O Nosso")

A Casa II tem a ver com as ferramentas, valores e dotes que trazemos ao mundo e que podem ser desenvolvidos e postos em prática. Nela iremos investir os nossos recursos naturais, os nossos valores (ou seja, os valores próprios) para sermos auto suficientes, termos um sentimento de auto estima, sabermos o que valemos e no fundo, termos segurança emocional com base nas coisas práticas, de valor e de dinheiro que possuímos. É a casa do “Meu” (o meu carro, a minha casa, a minha mulher, os meus filhos, o meu dinheiro, o meu barco, etc.).

A casa VIII, de transformação através do outro, não são os nossos valores que interessam, mas sim os dos outros. Os outros vão constituir o combustível que irá ativar o nosso “caldeirão” interior e que propiciará as transformações necessárias à nossa transcendência. Ligamo-nos aos outros para podermos descobrir uma dimensão de nós próprios que não descobriríamos, sozinhos. Deste modo, a Casa VIII está relacionada com as posses de um relacionamento, com a propriedade comum, com os recursos conjuntos, com as heranças, com o dinheiro do outro, com os negócios, com as sociedades, com os impostos, com os seguros e com as finanças.

Casa VIII – os desejos, as dependências, o poder oculto e o sexo

Na Casa VIII, o nativo fica prisioneiro, refém, dependente da satisfação de um desejo qualquer que lhe proporciona um sentimento de segurança, potência e poder. Nesta casa, ele sentir-se-á tranquilo e feliz enquanto continuar a existir e estiver sob o seu controlo, aquilo que deseja e que identificou como objeto da sua segurança emocional. O problema e a instabilidade surgem quando acontece algo que vem ameaçar a continuidade da satisfação desse desejo. Quando tal acontece, o nativo transforma-se num “animal” no sentido que do seu interior profundo, emergem, acordam e são ativados os seus instintos. O instinto é a força que emerge dentro de cada um de nós, de forma inconsciente, sempre que lutamos para sobreviver. Quando o desejo não é satisfeito, os instintos vêm ao de cima e coisas desagradáveis e impensáveis podem acontecer. É o drama do Escorpião, daí a baixa conotação das pessoas deste signo, muito embora, no geral, seja injusta, dado o indivíduo de Escorpião ser, uma pessoa perfeitamente controlada e pacífica (mas por favor não façam com que ele se sinta magoado, pois aí, toda a sua força instintiva emergirá e tudo poderá acontecer). Como se constata, na Casa VIII, a pessoa está presa, refém e dependente do seu instinto que é acordado quando algo se coloca entre ela e o seu desejo. Deste modo, a Casa VIII é a casa da paixão, do poder psíquico, da bruxaria, do ocultismo, dos rituais, das iniciações, da medicina, da cura e também do sexo que representa um dos instintos mais básicos de sobrevivência (da procriação da espécie).

Casa VIII – o trabalho relacional

A casa VII e a casa VIII representam as áreas onde os relacionamentos são trabalhados. Enquanto na Casa VII (ligada ao planeta Vénus e ao signo mental da Balança), o trabalho baseia-se no processo mental de espelho (identificação e desidentificação), na Casa VIII (ligadas aos planetas Marte e Plutão e ao signo do Escorpião), o trabalho não é mental, mas psicológico e emocional dado lidar com instintos e desejos.

Na Casa VII os outros são o motor da nossa transformação, mas apenas no tocante à compreensão de quem é o outro, de quem somos e do que é uma relação. Ou seja, na Casa VII, atraímos alguém com que nos identificamos e esse alguém será o motor da na nossa expansão consciencial porque começamos a aprender, através dele, quem somos. Deste modo, se formos ciumentos, mas não soubermos que o somos, é provável que atraiamos um parceiro ciumento com o qual e através do qual, naturalmente, começamos a perceber que afinal também temos essa postura. Assim, ampliamos a nossa a consciência e dizemos para nós próprios: “Foi preciso andar com esta pessoa para ver nela aquilo que em mim não reconhecia. Consegui finalmente perceber que também sou uma pessoa ciumenta”. No entanto, o fato de se perceber “intelectualmente” que se é ciumento, não vai curar esse problema pois é necessário ir mais fundo e perceber porque é se esse problema existe. Uma das formas da pessoa ir ao fundo é sem dúvida, passar pelos dramas da casa VIII, porque nesta casa, a paixão e a entrega são profundas e quando há o corte, a resposta é dada pelo instinto, e por favor saiam da frente porque as atitudes são imprevisíveis.

Se a Casa VIII pressupõe entrega, fusão, quando as expetativas que temos sobre os outros são goradas (por exemplo, quando somos traídos, abandonados), sentimos que o mundo caiu, desabou. Se a fusão na Casa VIII fosse apenas mental como na casa VII, haveria tristeza, mas sem transformação. A fusão experienciada na Casa VIII faz emergir o pior que há em nós (vingança, raiva, ódio, medo, etc.) quando o nosso desejo deixa de ser satisfeito ou perdermos o controlo sobre o outro. De facto, só quando estamos fundidos, é que o corte e a separação, são dolorosos. Só nestes casos é que é acordado o escorpião, o animal que existe em nós. Então sentimos uma perda, e se persistirmos a desejar visceralmente as coisas, voltaremos mais tarde a ter novamente outra perda, até que um dia, conseguiremos exorcizar os nossos instintos baseados no medo e na sobrevivência animal. Aceitamos perder e então renascemos, pois deixámos de ser instintivos.


Significado de Marte na Casa VIII

Os nativos com Marte natal localizado na Casa VIII têm tendência para terem uma elevada resiliência e força interior, sendo determinados na obtenção do que desejam. Gostam do poder e do controlo e são ótimos pesquisadores e descobridores.

Se o planeta estiver bem dignificado e/ou bem aspetado no mapa natal, o nativo terá propensão para gerir de forma adequada o dinheiro alheio. Pelo contrário, se Marte natal estiver debilitado e/ou tensionado é bem provável que o nativo gaste para além das suas posses, e/ou seja ciumento e obsessivamente controlador nas suas relação afetivas e societárias ou que venha a ter conflitos com heranças.


Ruy Figueiredo